27.7.14

Depois de anos tentando abraçar o mundo resolvi tirar mais tempo para mim.Ainda não é o ideal mas já consigo manter o Pilates uma vez por semana e terminei diversos livros que estavam pela metade.
Mesmo assim a vida insiste em me solicitar.
Assim sendo, na semana passada estava outra vez no hospital acompanhando o cara metade numa pequena cirurgia.Até levei um livro, mas quem disse que consegui lê-lo?
A internação em qualquer hospital é sempre traumática.Eram 6 horas da manhã, já havia fila e o atendimento era por ordem de chegada.Depois de quase uma hora você sobe para o quarto, aí você entra naquela espécie de limbo.Ninguém informa nada, não confirmam o horário da cirurgia, na verdade alí o(a) acompanhante não é nada, nem ninguém.
Passado mais um tempo entram as enfermeiras do centro cirúrgico, dão um comprimido para o paciente e o levam do quarto rapidamente.
Foi nesta hora que achei que fosse conseguir ler.Que nada, os minutos não passam, você cochila e nada daquela porta abrir outra vez.Quando você desiste de esperar, e resolve tirar um cochilo, a porta se abre.Lá vem o paciente meio grogue, mas vivo e finalmente você respira aliviada, mesmo sabendo que o seu trabalho está só começando.
Depois da alta dada foi a hora de pegar a estrada e na hora do rush.Confesso que fiquei meio tensa porque uma coisa é dirigir sem preocupações e outra é com alguém operado do seu lado.Não via a hora de chegar em casa.As quase duas horas pareceram uma eternidade.O importante é que deu tudo certo!
Entre um remédio e outro, um curativo e uma refeição consigo tempo para vir aqui.Enquanto não consigo relaxar lendo um bom livro vou escutando as músicas que me deixam em paz:

23.7.14

Rubem Alves deixa saudade, já Suassuna um vazio enorme.
O Rubem era doce, leve, mesmo quando fazia uma crítica era de uma delicadeza extrema, uma alma apaixonante.
Ariano Suassuna era ácido, vibrante, intenso.Seus personagens se agigantavam em nosso imaginário.
Com ele despertei para o fato de não precisarmos importar cultura alheia, a nossa é extremamente rica e diversificada.Foi ele também que me aproximou de uma parte do país que mal conhecia.Quando estive em Recife respirei Suassuna do primeiro ao último dia e, é claro, me apaixonei pela cidade, pela cultura regional, fucei cada canto, cada feira, cada cheiro e sabor.Voltei encantada por tudo que vi e ouvi e principalmente por Suassuna.Que privilégio ter pisado aonde ele pisou, ter amado parte da região que ele amava desbravadamente!

Matheus Nachtergaele escreveu para ele umas das mais bonitas carta de despedida que já li:

"Carta para Ariano,
Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém, homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo.
Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Sheakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo.
O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e estribo, à pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde entre a secura dos nossos caminhos. Me fazia sorrir tanto que eu, cavalo, não notava a aridez da caminhada. Eu era feliz e magro e desdentado e inteligente. Eu deixava o cavaleiro guiar a marcha e mal percebia a beleza da dor dele. O tamanho da dor dele. O amor que já sentia por ele, e por você, Ariano.
Depois do Grilo de você, e que é você, virei cavalo mimado, que não aceita ser domado, que encontra saídas pelas cêrcas de arame farpado, e encontra sempre uma sombra, um riachinho, um capim bom. Você Ariano, e teu João Grilo, me levaram para onde há verde gramagem eterna. Fui com vocês para a morada dos corações de toda gente daqui desse país bonito e duro.
Depois do Grilo de você, que é você também, que sou eu, fui morar lá no rancho dos arquétipos, onde tem néctar de mel, água fresca e uma sombra brasileira, com rede de chita e tudo. De lá, vê-se a pedra do reino, uns cariris secos e coloridos, uns reis e uns santos. De lá, vejo você na cadeira de balanço de palhinha, contando, todo elegante, uma mesma linda estória pra nós. Um beijo, meu melhor cavaleiro.
Teu, Matheus Nachtergaele"
Fonte: www.diariodepernambuco.com.br

E fora que ele tinha um humor sensacional...

22.7.14

Não via a hora de chegar em casa, colocar os fones de ouvido e escutar uma musiquinha:

 

Melhor que isto só se a mesa estivesse posta e sobre ela eu encontrasse uma salada daquelas com 4 folhas, laranja, tomate cereja, palmito, pepino, cenoura ralada, lascas de parmesão e croutons, com molho de mostarda agridoce.
Mas enfim, logo mais darei uma espiada na geladeira para ver o que consigo fazer.
Minha sorte é que aqui em casa não são exigentes e se contentam com uma saladinha e um lanchinho no pão integral.
Tem dias que são assim, bastam uns minutos e estou pronta outra vez!
E esta semana nem posso me dar ao luxo de esmorecer.
Sexta feira o cara metade passa por cirurgia e depois será uma semana de repouso absoluto.
Então vamos escutar mais música, né?





20.7.14

Mais um pouco de Rubem Alves:

"Às vezes a gente se pergunta sobre o segredo da alegria.
 É nos sonhos que ela mora.
 Alegria é quando o sonho se realiza.
 Como quando se espera pelo regresso da pessoa amada.
 Antes é a saudade, o vazio.
 Depois, o abraço, a alegria.
 Quem não sonha não pode ter alegria."
 R.A.

"Aquilo que está escrito no coração
 não necessita de agendas porque a gente não esquece.
 O que a memória ama fica eterno."
 R.A.

 "Disseste tudo ao dizer:
 Quando a ausência de mim
 Fizer presença em meu ser,
 Visitarei a mim mesmo,
 Para não me afastar de você."
 R.A.

 "Na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás.
 E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha:
 desejamos encontrar, no futuro,
 aquilo que já experimentamos como alegria, no passado.
 Só podemos amar o que um dia já tivemos".
 R.A.

 "Poucos sabem, entretanto, que é a saudade que torna encantadas as pessoas.
 A saudade faz crescer o desejo.
 E quando o desejo cresce, preparam-se os abraços."
 R.A.

"E o meu encanto precisa da saudade."
 R.A.



19.7.14

Perdemos hoje o Rubem Alves.
Ele, com certeza, iniciou uma nova jornada e nós ficamos aqui com aquela sensação de que está faltando alguma coisa.
Deixou-nos um legado considerável, mas como crianças mimadas, queríamos mais...


 "Uma professora me contou esta coisa deliciosa. Um inspetor visitava a escola. Numa sala ele viu, colados nas paredes, trabalhos dos alunos acerca de alguns dos meus livros infantis. Como que num desafio, ele perguntou à criançada: “E quem é Rubem Alves?” Um menininho respondeu: “O Rubem Alves é um homem que gosta de ipês-amarelos...” A resposta do menininho e deu grande felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas são o que elas amam. Descartes afirmou: “Penso, logo existo”. Eu inverto Descartes e digo: “Amo, logo existo”. Mas o menininho não sabia que sou um homem de muitos amores... Amo os ipês, mas amo também caminhar sozinho. Muitas pessoas levam seus cães a passear. Eu levo meus olhos a passear. E como eles gostam! Eles têm fome de ver. Encantam-se com tudo...
...Escrever é minha grande alegria!...
...Vejo e quero que os outros vejam comigo. Por isso escrevo. Faço fotografias com palavras. Diferentes dos filmes que exigem tempo para serem vistos, as fotografias são instantâneas. Minhas crônicas são fotografias. Escrevo para fazer ver. Uma das minhas alegrias são os e-mails que recebo de pessoas que me confessam haver aprendido o gozo da leitura lendo meus textos...
...Não tenho medo da morte. O que sinto é tristeza. O mundo é muito bonito! Gostaria de ficar por aqui... Escrever é meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores!
Torço para que sejam ipês-amarelos..." (Rubem Alves)

18.7.14

Amo o outono, aliás gosto de todas as estações, mas amo o outono. Fica aquela sensação de que algo está mudando, que devemos estar preparados para os dias frios de inverno, tempo de recolhimento, mas que me dá imenso prazer.


Gosto da temperatura, das cores da estação e da forma como a natureza responde a ela. E parece que esta época aproxima as pessoas, ontem quase encontrei uma amiga muito querida, hoje almocei com um primo que gosto muito, amanhã uma grande amiga vem me visitar.
É claro que vida continua com seus percalços, mas minha alma fica mais leve nestes dias.
Tire uns minutos do seu dia para contemplar a natureza que te cerca.Se ela estiver distante, não tenha preguiça, vá atrás dela.
Garanto que seus dias serão bem melhores!

17.7.14

Todo mundo quer viver um grande amor, só que muitas vezes nem sabemos como.
A Mariliz escreveu um texto bem fofo sobre o assunto:
Para viver um grande amor.
Na minha idade, acho eu, o amor de verdade é aquele que acalma a alma e sossega o coração.
Mas que de vez em quando faz perder o sono, o juízo e a sanidade.
O grande amor parece crescer mesmo que as coisas não pareçam fazer muito sentido.
Também não acredito naquele amor tranquilo embora ele deva ser aquele que acalma a alma e o coração.
De qualquer forma o meu mundo fica melhor assim!!!

Ô delícia, viu!
Não tenho nem vergonha de contar que perdi a hora...eu estava precisando de algo assim.


Sou adepta da teoria que devemos cometer algumas extravagâncias uma vez ou outra.
Uma das boas coisas da internet é que uma vez que perdeu a hora, você pode acessar sua conta de e-mail e resolver uma série de coisas da sua casa mesmo.
Tenham todos um excelente dia!!!

15.7.14

Me considero pessoa bem resolvida, franca e amiga.Talvez por ser tão amiga é que não estou podendo ser franca como eu gostaria.
Neste último mês recebi algumas notícias chatas, duas amigas estão fazendo quimioterapia. A minha vontade, ao receber a notícia, era a de chorar e dizer que morro de medo de perdê-las, como aconteceu com tanta gente que perdi por causa desta doença imbecil.Mas não, a gente veste a máscara de pessoa forte e tenta dar a maior força.Por dentro tô meio baqueada...
Hoje me despedi de uma garota que vi crescer, afilhada da minha mãe.Não, ela não morreu, está somente se mudando e por tempo pré determinado, três anos.Vai fazer seu mestrado na Suiça.Devia ser motivo de muita comemoração, mas novamente fica aquele nó na garganta.Não foi aquele chororô sentido, mas toda hora escorria uma lágrima no cantinho do rosto.É o que ela queria, mas se disséssemos (eu, a mãe dela ou a minha) fica, acho que ela ficava.Mais uma vez, durante um longo café, vestimos nossas máscaras e a encorajamos com palavras de incentivo.Saímos do encontro com os olhos inchados e ela com certeza de que se não der certo, estaremos esperando por ela de braços abertos.Mas é claro que já estamos com saudades...
E por aí afora, é tanta coisa que eu queria dizer, mas não posso.Isto é só a ponta do iceberg. Tudo bem que não é nada grave, mas eu queria poder usar um pouco mais da franqueza que me é peculiar.
Enfim, mais uma vez, deixa o tempo que ele costuma ajeitar tudo!


12.7.14

Não cresci escutando jazz.
Em casa era mais a música erudita e a MPB de Chico Buarque.
Quando passei a fazer minhas próprias escolhas eu já estava envolvida pelo rock.Peguei ainda uma carona nos blues e gostei um bocado.O bolero era a preferência dos meus avós maternos, que davam, segundo contam, um show no salão.Não conheci minha avó para poder conferir e depois da sua morte meu avô meio que tornou-se um bocado estranho, mais para a melancolia dos blues do que para a alegria do bolero.Acho que nunca mais dançou.
Mas voltando ao que comecei escrevendo, o jazz para mim era o tipo de música que somente as pessoas mais velhas escutavam.Curiosa, fui procurar escutar o que um namorado mais velho que tive escutava. Confesso que não gostei nem desgostei, mas eu tinha na época uns 16/17 anos.
Anos mais tarde, reconheci a Ella e o Gershwin, no cinema e na TV.
Hoje posso fechar os olhos e ficar escutando-os por horas a fio.



E Benny Goodman, então...

9.7.14

Não vou dizer que estou triste com a derrota do Brasil porque não sou hipócrita.Não costumo acompanhar jogos de futebol, não tenho time de preferência e agora não vou agir de forma diferente.
Respeito quem gosta!
Assisti ao jogo pois não sou alienada e vou dizer, os alemães jogaram um bolão e não fizeram mais gols porque foram elegantes.
Não vou discutir se deu branco, se faltou treino, união ou talento.Não tenho vontade e muito menos competência para isso. Desde o princípio não concordei com a idéia do Brasil sediar uma Copa do Mundo, mas enfim eu não decido nada por aqui e nem quero.Cuido da minha vida e já está de bom tamanho.
Mas é claro que tem quem critique a seleção, o Felipão e etc.
E tem também quem ache injusto e até maldade falar mal dos jogadores...
Deixa eu voltar a cuidar da minha vida que ganho mais, afinal amanhã fico mais velha e quero acordar linda e radiante!!!

8.7.14

Ora, ora, mas Rock Hudson era mesmo um desfrutável...

5.7.14

Fair play, minha gente, é o que falta dentro e fora do campo.


4.7.14

Clima da Copa? Não, obrigada.
Só prá constar, não sou contra nem a favor.
O dia dia mal começou, o jogo do Brasil é somente às 17:00h e o meu clima agora é este:



Logo mais a cidade pára, a casa enche e a bola rola no gramado.
Aproveito a manhã para trabalhar e em seguida ir às compras sem pressa.
Porque não é um jogo de futebol que tira a minha calma.

1.7.14

Definitivamente não conheço as pessoas...ou talvez acredite demais nelas, ou minha intuição ande falhando, ou haja uma estranha conjunção planetária acontecendo no momento ou, ou, ou...

Caranguejo, signo da última estação do segundo lugar
Do primeiro desejo que não há
Como dissimulando se esconder no porão

Caranguejo da canceriana, solidão de horizontalizar
No canteiro de beijos que não dá
Como dissimulando se esconder no porão do ser

Caranguejo cada vez que a gente se encontrar no cio
Pode ser que não, mas eu quase adivinho
que no coração alguém vai batucar (...)

Pois é Caranguejo, símbolo da réplica fusão do que não caberá
Mas no primeiro ensejo brilhará como volatizando
Se acender um balão pro céu

Oswaldo Montenegro