31.5.14

Eu sei que disse que não tinha mais tempo e que iria abandonar, temporariamente, os roteiros.Mas não deu, não resisti e cá estou eu outra vez trabalhando na adaptação de um livro infantil que completa 30 anos no ano que vem.
Quando você inicia um projeto de um filme infantil é inevitável pender para o campo da subjetividade. Geralmente, para as crianças, aquilo que está retratado na tela não é somente o que vêem, tem sempre um sentido por trás da imagem, que muitas vezes, nós adultos, nem imaginamos. E nós, roteiristas, quando trabalhamos com este público tão específico, estamos sempre procurando o que está embaixo do chapéu/jibóia, além do elefante.
O exercício é tão intenso que acabamos fazendo isto com todas as coisas.E foi assim com a Sagrada Família.Diante daquele monumento arquitetônico o que eu via era um enorme castelo de areia aonde o artista inseriu algumas peças, como homenzinhos, animais, árvores e etc.




Fiquei com a impressão de que aquilo podia desaparecer a qualquer momento como quando vem uma onda e leva tudo o que foi construído.Me lembrou o quanto nossa passagem é curta por aqui.Depois disso me prometi viver ainda mais a vida e não deixar que qualquer coisa me abale e muito menos que o desânimo se instale.Nunca fui e nem quero me tornar uma figura triste.
As fotos retratam a fachada da Natividade, construída sob supervisão direta de Gaudí, repleta, segundo dizem, de elementos que remetem à vida. Sob minha ótica, uma vida nada fácil.Mas enfim, é bonito de se ver!


28.5.14

Um banho de sal grosso às vezes cai bem....comecei o dia escutando, aquele tipo de conversa em que a pessoa devia ter parado de falar nos primeiros quinze minutos, porque os quinze seguintes só servem para magoar o outro.
Aí, no meio da tarde, estou tranquilamente trabalhando quando percebo que meu horizonte mudou.Ops, olho para cima e vejo o tampo da mesa, do meu lado direito o armário e do esquerdo a cadeira aonde até então eu estava sentada.A minha primeira reação depois de perceber que eu estava no chão foi dizer: "caiu"
Logo apareceram pessoas querendo me ajudar mas eu tive uma crise de riso tão incontrolável que eu não conseguia nem estender a mão prá receber ajuda.
Passada a crise, eu levantei, peguei outra cadeira e voltei ao trabalho, me segurando para não rir.
Se está doendo em algum lugar?
Por enquanto não senti nada, acho que o que ainda dói é o que escutei de manhã.
Hoje é aquele dia em que agradeço já ter chegado em casa!


Um breve update: Ao terminar de escrever as palavras acima, fui para a cozinha.Preparei bifes à rolê.Como estava com tempo preparei um nhoque.Sim, cozinhei as batatas, adicionei os outros ingrediente, fiz as bolinhas uma à uma e cozinhei-as em água fervente, afinal eu tinha tempo.Não satisfeita ainda preparei uma salada de frutas.Ao chegar em casa e vendo toda aquela produção o cara metade perguntou se eu havia batido a bunda ou a cabeça.

25.5.14

E a prática nem sempre acompanha a teoria...
um lindo de um domingo e você acorda com torcicolo...daquelas que não dá nem para levantar os braços.Seus planos vão mais ou menos por água abaixo.
Banho quente, pomadinha e nada.Apelei para a farmacologia moderna e pelo menos, agora, os ombros não doem mais, só mesmo a base do pescoço.Na verdade tá com cara de inflamação do trapézio...
Vou dizer que deve ter sido reflexo da semana super tensa que tive de enfrentar.Ah, como o corpo fala, o meu resmunga de montão.Tira o chocolate quente e coloca o chá de camomila.Os filmes ficaram para outro dia porque hoje deitar e confortavelmente são duas palavras antagônicas.Sem condições de uma posição realmente satisfatória.


Ah, mas eu sou uma pessoa de fé...acredito que amanhã acordo nova em folha!

24.5.14

O friozinho combina com um edredon, uma xícara de chocolate quente e uma meia dúzia de filmes do Studio Ghibli.

21.5.14

Tenho percebido que o que me separa é exatamente o que me aproxima do meu país.Eu queria vibrar como os mais entusiasmados ao contrário de ter aqui dentro uma leve vontade de ir embora.Faço parte de uma mão de obra que trabalha para pagar impostos e sustentar um sistema teoricamente eficiente, mas na prática, totalmente falido.
Somos um país de dimensões gigantescas e é bem capaz que tenha gente boa se beneficiando com nossas políticas públicas. Mas por aqui é que não é.Se ainda tivéssemos segurança dava para aguentar uma coisa aqui e outra alí, mas estamos presos em nossas próprias casas e olha que isto não é garantia de escaparmos de algum tipo de violência.Trabalhamos honestamente a semana toda e aos sábados e domingos, quando podemos relaxar, temos que tomar cuidado para não sermos assaltados ou coisa pior.
No "coisa pior" podemos incluir nosso sistema de transporte, que é caótico.É tanta lei prá cá e prá lá e nada funciona.O nosso trânsito mata mais que a nossa falta de médicos.
E a culpa é, generalizando, do governo sim, e até mesmo da Igreja.O problema não é este ou aquele partido não, é o todo.Que perspectiva tem, por exemplo, um jovem de classe média baixa? Os pais se matam de trabalhar para dar um mínimo de conforto para a família, que geralmente é grande, porque afinal aborto é proibido.Não existe perspectiva para o jovem e muito menos para os pais.Enquanto estão trabalhando, seus filhos, quando conseguem vagas em escolas, recebem uma educação sofrível e é claro insuficiente.A tal da educação continuada acabou com o resto de dignidade que o sistema educacional ainda tinha.
Isso sem contar que existem profissões muito dignas que estão marginalizadas.Ninguém mais quer ser motorista de ônibus, faxineira, auxiliar de cozinha, jardineiro, padeiro, garçom e etc.Como se estas profissões diminuíssem as pessoas.
Se alguém adoecer o negócio é rezar.No sistema público de saúde é capaz de morrer na fila, enquanto que no privado, com muita sorte, consegue receber um atendimento razoável e reza outra vez para não deixar as calças numa farmácia, da tradicional à de alto custo.O governo até fornece medicação de alto custo, mas quando tem para fornecer.Assim como tudo mais que diz respeito ao sistema de saúde.
Ao contrário de uma grande parte da população, não critico a bolsa família, afinal não sou o tipo de pessoa que vê alguém passando fome e acha normal.Já conheci algumas pessoas cujos filhos não passaram fome por causa do benefício.Mas acho um desperdício um país tão rico em solo e clima não incentivar a agricultura familiar.
O salários dos nossos políticos ainda é algo que me aborrece um pouco, não acho justo na relação custo/benefício.E que me corrijam se eu estiver errada.
Só prá terminar com o que anda me incomodando, não consigo compartilhar do mesmo entusiasmo daquela turma que já está se preparando para torcer pela seleção brasileira na Copa do Mundo.Ninguém pensa que neste projeto foi gasto uma enorme quantidade de dinheiro, público e privado, que poderia ter sido usado para melhorar o nosso país? Ficar 90 minutos acompanhando uma bola e jogadores que certamente ganham muito mais do que a maioria das famílias brasileiras, numa espécie de idolatria.Estão idolatrando exatamente o quê? Sei lá, acho que eu penso é muito diferente...melhor continuar quieta no meu canto.
Fui!


19.5.14

Barcelona é linda...mas é turística demais.Na frente de todos os seus atrativos há sempre uma fila enorme de gente de todo o planeta, quiça de outras regiões da galáxia.
Não dá prá dizer que é ruim, é linda, aconchegante, saborosa, plana, arborizada, mas, infelizmente, tem gente demais alí.Acho que me tornei bicho do mato, gosto de sossego e contemplação.Consegui umas horas assim em alguns parques.Caminhar na contramão do público até funciona.E salve o domingo que deixou muitas das ruas vazias!
Se eu voltaria? Até voltaria, mas só depois de consultar qual a época do ano com menos turistas.
Faz tempo que não vejo tantos ônibus de excursão juntos.Tem quem goste, eu não!
De qualquer forma valeu a visita :o)


16.5.14

“Meu encanto precisa da saudade...”

“Era uma vez uma menina que amava um pássaro encantado que sempre a visitava e lhe contava estórias, o que a fazia imensamente feliz.
Mas chegava um momento que o pássaro dizia: “Tenho que ir”.
A menina chorava porque amava o pássaro e não queria que ele partisse.
“Menina”, disse-lhe o pássaro, “aprenda o que vou lhe ensinar: eu só sou encantado por causa da ausência. É na ausência que a saudade vive. A saudade é um perfume que torna encantados todos os que o sentem. Quem tem saudades está amando. Tenho que partir para que a saudade exista e para que continue a amá-la e você continue a me amar.”
E partia.
A menina, sofrendo a dor da saudade maquinou um plano: quando o pássaro voltou e lhe contou estórias e foi dormir, ela o prendeu em uma gaiola de prata, dizendo: “Agora ele será meu para sempre.”
Mas não foi isso que aconteceu.
O pássaro, sem poder voar, perdeu as cores, perdeu o brilho, perdeu a alegria, não tinha mais estórias para contar.
E o amor acabou.
Levou um tempo para que a menina percebesse que ela não amava aquele pássaro engaiolado.
O pássaro que ela amava era o pássaro que voava livre e voltava quando queria.
Ela soltou o pássaro que voou para longe.”

Rubem Alves em "A menina e o pássaro encantado".


14.5.14

Navegar é preciso, mas voltar para casa é divino, seja lá onde for sua casa.
A minha pode ser em qualquer lugar!
E é aqui que conservo minha alegria e aonde nascem meus sonhos...imprescindíveis para eu existir.
Aqui também posso encontrar o tempo certo para meditar e agradecer:


BUDA 
(Léo Artése) 
Compreendendo as Nobres Verdades 
Vou examinando meu viver 
Libertando a mente prá alcançar 
E ver o mundo exatamente como é 
Olhando a verdade, o sofrimento 
Fruto de uma insatisfação 
Entendendo a causa dele estar 
E otimista com o futuro que virá 
Vou examinando o pensamento 
Vendo o poder que nele está 
A palavra justa vou dizendo 
Também sabendo a hora certa de calar 
Peço para mim a ação justa 
Para eu saber me comportar 
Me sustendo e vou sustentar 
E vou plantando o que quero semear 
Nesta vida vou me descobrindo 
Vivendo a cada amanhecer 
Viajando dentro do Meu Ser; 
Eu me liberto da ação que faz sofrer 
Buda, Grande Mestre do Oriente 
Na via do meio quero andar 
Eu liberto agora o que Eu Sou; 
Senhor Gautama, o Nirvana quero encontrar