30.4.17

Hoje damos adeus a Belchior.
Um homem que tive o prazer de entrevistar, por algumas horas, lá por 1990.Passados os primeiros 60 minutos lembro do meu diretor batendo no vidro do estúdio, depois de gesticular um bocado.
Mas Belchior tinha tanto para falar e falava com tanta propriedade sobre as coisas da vida que eu não achava justo interrompê-lo.E isso porque haviam me dito que ele falava pouco.
Foi uma das melhores entrevistas que fiz na minha carreira de jornalista e foi impactante, à noite não conseguia dormir, suas palavras ecoavam em meus ouvidos. Era muita informação, muito conteúdo de uma só vez, para uma garota de 23 anos.
Sua alma, enfim, encontrou o descanso merecido!

18.4.17

Ainda choro, pouco, mas choro e porque dói, dor de saudade, não de tristeza.
Mas o bom é que já faço planos!
Assim que possível, pai, vamos almoçar naquela praia que você ama de paixão:


Talvez no seu aniversário no próximo ano, porque neste ainda temos muito trabalho pela frente e ainda algumas arestas para acertar.
Aonde não cabe revolta, porque você me ensinou a deixar para lá, sobram força e determinação.
Muito mais força!

16.4.17

Os dias vão passando e o coração vai ficando mais leve...

8.4.17

Ontem foi dia de levar meu pai para o Cemitério, dizer enterrar eu acho um tanto tosco.
Ele não queria ser cremado e respeitamos a sua vontade.
Depois de uma semana no hospital vou dizer uma coisa, os médicos não sabem de nada, possuem uma leve noção de como as coisas acontecem.Por mais boa vontade que tenham não operam milagres e nem conseguem saber com precisão tudo o que está acontecendo dentro do corpo do paciente. É mais um jogo de tentativa e erro.
E ainda tem gente que os compara a deuses, alguns até se acham, mas vamos dissociar estes esteriótipos, deuses são deuses e médicos são médicos.
Ontem percebi, por conversas paralelas, que algumas pessoas tentam incutir-lhes culpa.Isto também não existe!
Meu pai partiu bem consciente de que seu tempo aqui estava chegando ao fim.Esse discernimento sobre a finitude da vida é acalentador.Foi uma despedida breve, tranquila e tristinha.
Porque o muito amar carrega consigo a dor da separação.
Tratei de trazer-lhe logo para perto de mim!
O que vale, depois de tudo, é o amor que ficou.
E este é muito!!!



  

4.4.17

Com o peito extremamente dolorido diante de tanto sofrimento pelo qual meu amado pai está passando só posso dizer que estou à espera de um milagre!
É certo que eles existem...
Só não quero mais que ele sofra.As próximas 48 horas serão decisivas.
A pior parte é não poder estar ao seu lado naquele leito frio e escuro da UTI.
Está sendo muito difícil lidar com isto.


2.4.17

Porque tem dias em que precisamos pensar um pouco fora da caixinha...e amar como se não houvesse amanhã.
Aliás essa tem se tornado uma das minhas máximas nos últimos tempos.
Acordo amando a vida, as pessoas, nem todas, mas enfim, a natureza e tudo mais ao meu redor.
Apesar dos percalços estou vivendo uma boa fase interior, estou curtindo muito o meu melhor de mim.
Até quando me emociono e choro, ou deixo escapar algumas poucas lágrimas pelo cantinho interno dos olhos, ando insuperável.
Ainda tenho meus momentos de fúria, poucos, mas precisos e cortantes como uma navalha afiada.
Mas na maior parte do tempo é só amor mesmo!!!

1.4.17

O ambiente hospitalar acaba comigo...principalmente quando atravesso com meus passos lentos e claudicantes a ala infantil.
Nessas horas queria abrir as asas e carregar todos para um outro lugar, nem que fosse só para um breve passeio.