12.7.11

Muitos criticaram o filme e isso é bastante normal em se tratando de uma produção baseada num livro que fez muito sucesso.Não gosto de entregar o final do filme porque, afinal, por aí tem sempre pelo menos um alguém que não o assistiu.
Mas desta vez entrego o final, trago o video e ainda reproduzo (sem autorização prévia) parte do texto da minha querida amiga Luciana do Borboleta nos olhos:



(...) Claro que o grande amor põe brilho no olho e fogo no corpo. Mas eu aprendi que é mais, muito mais do que isso. O grande amor é paciência, cotidiano, segurar na mão, olhar pra frente, sorrir junto, dormir abraçado. É mais para Harry e Sally mesmo...Grande amor é Ulisses e Penélope, é esperar muitos anos, é fugir de rainhas e sereias esperando os braços da única mulher possível. Ou, melhor ainda, grande amor é Príncipe Shah Jahan pela Princesa Mumtaz Mahal, afinal de contas só de dor ele construiu o Taj Mahal. O grande amor está ali, entre a mais solene abnegação e o ridículo mais escrachado...É Tomas e Teresa e a certeza de que o grande amor não é a pessoa perfeita mas aquela a quem não se pode deixar sofrer.

Estava lembrando de “Amor nos tempos do cólera” e pensando que “a gente sofre de teimoso quando esquece do prazer...”. Pensando que sempre há um jeito e um tempo de ficar junto e ser feliz. E que é preciso coragem. E criatividade. Lembro dos dois, já velhinhos, ele querendo-a de uma forma absoluta, ela desejando e temendo, envergonhada e apegada às convenções sociais. Estão, os dois, em um navio de propriedade da companhia dele e ela temendo os passageiros que irão embarcar, velhos conhecidos. Ele, então, consulta o capitão “existe algum meio que permita que um navio navegue sem ter de aportar?”, o capitão responde “sim, coloquemos a bandeira do ‘cólera’ e, havendo doença contagiosa a bordo, não teremos de aportar, exceto para abastecer”, e ele dá a ordem “faça-o”, e assim o fazem. O capitão pergunta “até quando viajaremos sem destino?”. Ele calcula o tempo (anos, dias, horas, minutos, segundos) que esperou para ter a amada consigo e pensa responder com exatidão. Mas percebe que não viverá tanto e responde “até o fim da vida”.

Pensando nesse lance de grande amor, fui dar uma olhadinha no texto do Vinícius e refleti assim:

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor. (...)

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor. (...)

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor. (...)

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor. (...)

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.(...)

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor. (...)

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor... (...)

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor? (...)

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. (...)

Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor. (...)
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva obscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

2 comentários:

Pitanga Doce disse...

Há quem espere a vida inteira por um grande amor. Sabe que ele está em algum lugar, mas quando finalmente o encontra percebe que os dois chegaram tarde demais.

Bom dia menina Turmalina.

Carlota e a Turmalina disse...

Pitanga doce e querida...infelizmente isso acontece muito, mas que esse pouco seja vivido intensamente, não é mesmo? Beijocas