24.4.13

Aproveito o final de tarde aprazível para abrir as janelas, tirar o pó dos móveis e compartilhar os pensamentos, tranformados em escrita, da minha querida amiga Luciana:

"Você me diz: gosto de você. E acrescenta: tanto. E se faz silêncio.
Eu queria dizer: eu também. Gosto. Não, eu minto. Minto pra mim, minto pra você, mesmo sem dizer nada. Eu queria era perguntar: mas você sabe? Quem eu sou? Sabe?
Sabe que desenho com os pés na areia da praia? Que espero o frio pra soprar nos vidros e ver a vida embaçar? Que lambo os dedos depois de comer caranguejos? Que tenho sonhos pequenininhos que cabem em bolsas de viagem? Que espero um par de sapatos vermelhos? Que tenho um sertão no peito? Que compro livros pelo número de páginas? Que gosto de rodopiar na chuva? Que suspiro baixinho? Que sou em nostalgias noir? Que coleciono palavras como tijolos amarelos? Sabe que faço listas destas coisas todas para entorpecer a memória de que eu não sei, não sei, não sei dizer quem sou?
Você diz: Eu. Gosto. De. Você. E cada palavra dessa é tão maiúscula que me assusta. Eu não sei eu. Eu não sei você. Eu nem sei se sei gostar. É querer a mão na minha e a boca na pele e proteger e rir e fazer cafuné? É dizer infâncias e olhar amanhãs? É esperar acordar no seu olho e dormir no seu cansaço? É ficar mais e mais e mais perto até perto ser dentro? É aprender a mentir, solene: eutambémgostodevocê?
Gosto de Você. Na ponta da língua."



Acho que todos nós temos um pouco de tudo isto que a Luciana escreveu. Afinal, os desejos, as esperas,  os gostos, as manias, as particularidades de cada um são partes do amor que compartilhamos.  
E eu sou tão: esperar o frio pra soprar nos vidros e ver a vida embaçar!

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