1.5.11

Os anos passam, décadas passam e algumas coisas continuam presentes em nossa memória como se o tempo não tivesse passado.São, por exemplo, músicas que me fazem lembrar dos já tão distantes anos 80, lá no comecinho deles.
Entre um período de provas e outro, aliás essa era a nossa única preocupação, as mães marcavam as festas de aniversário. Numa época em que não tínhamos acesso à computadores, celulares e mp3, o anúncio de uma festa, e com bailinho, causava frisson no colégio.
Os tais bailinhos aconteciam quase sempre na sala de casa ou então no salão de festas do prédio, ou ainda na garagem, no caso daquelas mães não tão corajosas.
Ao escutar Dianne Warwick, fecho os olhos e me lembro nitidamente de como eram.



No teto ficavam luzes coloridas, algumas vezes uma luz negra e sempre o inevitável globo espelhado.Esse acho que só percebíamos nas músicas lentas.Era o momento em que a pista ia esvaziando aos poucos para dar lugar aos casais mais animados.
Era nessa hora que víamos os pequenos reflexos do globo ocuparem a sala toda.Era também o instante da dúvida.Se aquele garoto, normalmente bem mais velho, que parecia estar de olho em você a festa toda, ia se aproximar ou não.E quando você caía em si estava no meio da pista dançando de rosto colado com aquele por quem suspirava minutos atrás.
Nessa hora o tempo parava, andava devagar, ou talvez nem andasse.Quando vocês menos esperavam, afinal o tempo não existia, entrava logo em seguida uma música rápida.Era como acordar de um sonho. Mas era também uma deixa para que o sujeito oferecesse beberem alguma coisa, que na verdade era sempre refrigerante.Esta era a chance dele pegar na sua mão e saírem de mãos dadas pela festa.
E quase sempre, instantes antes de ir embora, o garoto criava coragem e lhe roubava um beijo e lá ia você prá casa suspirando. Alguns desses encontros nunca mais voltariam a acontecer, enquanto outros acabariam por escrever lindas histórias de amor.

4 comentários:

*Claudinha disse...

Ai ai... *suspiros... :*

Carlota e a Turmalina disse...

Clau...aposto que lembrou daquele baile na casa da minha prima.
Na verdade comecei não pensando em nada específico, mas terminei pensando nele.Sabe que me lembro até hoje da roupa que usava.

*Claudinha disse...

Puxa, minha memória não chega a tanto, mas lembro P E R F E I T A M E N T E do restante.

Carlota e a Turmalina disse...

Clau...obrigada pela gargalhada que acabei de dar.Obrigada!!!
Um enorme beijo :o)