29.5.11

A noviça voadora

Hoje fui almoçar na minha mãe e por algum motivo que não sei identificar, algo naquele almoço me lembrou quando morávamos ainda na capital.Da vida feliz e confortável que levávamos lá, mas que por motivos profissionais tivemos de abandonar.Acho que sempre foi assim.Moramos em muitos lugares e o trabalho do meu pai é que conduzia esse bailado.Isso sem contar os lugares aonde ele morou temporariamente enquanto aguardávamos em outra cidade.
Um pouco antes de levarmos uma vida feliz e principalmente confortável em São Paulo, aonde nasci, moramos no Guarujá e em Campinas.Mas desde que me entendia por gente, lá pelos meus 4 ou 5 anos, era lá que eu nasci, morava e era feliz.Como minha mãe sempre faz questão de contar foi da janela do quarto desse apartamento que eu quase pulei.Ela me pegou a um segundo do vôo que eu desejava realizar, assim como a Irmã Bertrille.(Isso foi entre os meus 4 ou 5 anos)



Foi lá que morei até os 16 anos, uma idade tecnicamente difícil para mudanças.Me lembro do quanto chorei por deixar a cidade aonde eu tinha amigos, amores e toda a sorte de felicidade.
É claro que a minha adaptação numa cidade do interior demorou.Nem tanto pelos outros, como por mim.Eu era sociável, esteticamente agradável, boa de conversa e em pouco tempo fiz vários conhecidos. Mas amigos mesmo eu tinha deixado em São Paulo e era prá lá que ia quase todo final de semana.
Aos 17 anos, de teimosa, entrei na faculdade em São Paulo, é claro, e meus pais não tiveram outra opção senão me emancipar para que eu pudesse morar sozinha.Resisti sozinha e bravamente, sem pedir uma única ajuda, por oito meses.Eu dormia num espaçoso colchão no chão, coberto de almofadas.Naquela idade, quem precisava de cama? Eu achava supérfluo. O chuveiro era quente e a antena da televisão pegava quase que todos os canais. Na época não havia internet, celulares e nem TV à cabo.Muito menos computador. Se tudo isso já existisse talvez minha vida tivesse tomado um outro rumo.
Mas só sei que, nas minhas primeiras férias de janeiro da faculdade, peguei o ônibus para o interior e nunca mais voltei a morar em São Paulo.Foi com lágrimas nos olhos, outra vez, que resolvi voltar para a casa dos meus pais, para construir novamente uma vida feliz e confortável.Mas esse já é um outro capítulo da minha história e fica prá depois.
Agora quero só as recordações que a foto do prédio aonde cresci e resisti me trazem.Eram três blocos de apartamentos ligados por um grande playground interno e também pelas garagens, que cortavam distâncias para que chegássemos à outra rua.Era uma forma também de confundirmos os porteiros.Eu morei lá, no sétimo andar, aquela varanda bem à direita. Me lembro como se fosse ontem!

6 comentários:

Anônimo disse...

Também foi aos 17 anos que deixei o Porto para vir estudar para Lisboa. A diferença é que só voltei a lá viver por um curto período, quando cumpria o serviço militar.

Carlota e a Turmalina disse...

Carlos...eu voltei e fui ficando, ficando e assim fiquei :o)

*Claudinha disse...

Ao passar por lá, sempre me lembro de vc.
:*

Carlota e a Turmalina disse...

Clau...lembro dos bons momentos passados lá. Passamos boas horas naquele quarto sonhando acordadas:o)

George Sand disse...

Conheço relativamente bem S. Paulo e tenho lá amigos. Mas não gosto especialmente de S. Paulo. Acho demasiado grande. Gosto muito mais do Sul do Brasil: de Porto Alegre, Curitiba, Pelotas...talvez por ser mais "português"

Carlota e a Turmalina disse...

G.S. ...gosto de São paulo, mas também tenho uma queda pelo Sul e é verdade, algumas cidades de lá tem um ar bem europeu e um aconchego bem português :o)