18.6.10

Faltam alguns minutos para acabar o dia, mas não podia deixar de me despedir de José Saramago e com suas próprias palavras. E perco-me imaginando o que ele estaria fazendo agora, talvez conversando com o Astronauta :

"Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,                                                E também da pobreza, e da fome outra vez.                                            E pusemos em ti sei lá bem que desejo                                                De mais alto que nós, e melhor e mais puro.  
No jornal, de olhos tensos, soletramos                                                As vertigens do espaço e maravilhas:                                                   Oceanos salgados que circundam                                                    Ilhas mortas de sede, onde não chove.  
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa                                                Onde come, brincando, só a fome,                                                    Só a fome, astronauta, só a fome,                                                    E são brinquedos as bombas de napalme." 

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