9.10.09

Falando em gente que faz e gente que diz que faz e gente que diz que quer fazer acabo me perguntando qual a verdade na qual a pessoa quer acreditar. Sim, porque tem pessoas que criam uma verdade imaginária e acreditam nela cegamente.
Isso me fez lembrar de uma vez em que meu irmão, com aproximadamente 10 anos de idade, viu uma fotografia de quando meus bisavós desembarcaram no porto de Santos, vindos de São Petersburgo.Minha bisa usava vestido, chapéu e sombrinha.Enquanto que o Zeid vinha de terno e chapéu. Pela foto, aonde não se viam os amarrotados e carcomidos das roupas, meu irmão achava que eles viajaram como nos cruzeiros de luxo de hoje em dia.Nem passava na cabeça dele que eles vinham empilhados com poucos luxos como água e comida, sem todo aquele glamour que víamos nos filmes.
Mas eu escrevi tudo isto por causa de outro fato. Ontem fui dormir aborrecida com o que aconteceu.Não com o fato em si, mas sim porque eu avisei que isto ia acontecer, mas minha cunhada acreditava em outra verdade. Esta minha cunhada e amiga, casada com o irmão do meu cara metade, participa comigo das lutas para conseguir doações para as crianças do abrigo que trata portadores do HIV. Da última vez que esteve aqui saiu animadíssima, com mil idéias para arrecadar o que eles mais precisam como leite e artigos de higiene. Criou esquemas aonde as pessoas participariam diretamente, uma vez que tanta gente que não ajudou com a campanha de fraldas, se comprometeu a ajudar numa outra oportunidade. Eu já passei por isso e sabia o resultado.Eu comentei das minhas experiências, mas ela acreditava no sucesso.Tá certo , é a esperança que nos mantêm.
Voltando à noite de ontem eu lhe telefonei para contar que tinha conseguido a doação de um beliche, com dois colchões e dois travesseiros. Tudo novo! E era uma coisa muito urgente, pois as crianças que lá continuaram e cresceram não cabiam mais nas caminhas. Eu percebi que ela comemorou, mas logo ficou meio que desanimada.Foi aí que perguntei o que estava acontecendo e com a voz embargada ela me respondeu:
- Sabe, eu não consegui nada e pior, ainda tive que parar de falar. Vou ter que dar um tempo porque percebi que as pessoas estão se afastando de mim...
Eu fiquei arrasada com a tristeza dela. E nesta hora nada do que eu falasse ia adiantar, porque é a realidade nua e crua e eu não posso dizer à ela que no fundo temos que optar de qual lado queremos estar.Hoje eu vou com muito menos sede ao pote, mas sei com quem eu posso contar de verdade.Tanto que consegui este beliche e sei que até dezembro conseguirei os outros dois que eles precisam. A verdade na qual acredito não é assim muito bonita, mas pelo menos sei aonde estou pisando e os meus passos são firmes.E mesmo assim eu ainda tropeço :o)

4 comentários:

Milu disse...

Já passei por aqui em uma outra ocasião, mas não tive tempo para comentar, no entanto, li o suficiente para tirar a conclusão de que você tem um temperamento bonito, é franca e solidária. Gostei deste seu texto, nele está patente o seu esforço em fazer bem aos que precisam, as crianças são quem mais a sensibilizam. Mas até para pedir para os outros é preciso saber, para não se tornar um incómodo, porque também há os que não querem saber de ninguém. Mas a Turmalina sabe que é devagar e a passo firme, que se pode chegar a porto seguro, saberá Deus, quanto lhe terá custado ter aprendido isso. Um bem haja para si!

Anônimo disse...

Quando a causa é boa e a vontade existe, temos de ser fortes para enfrentar os obstáculos É preciso seguir em frente e não desistir

Carlota e a Turmalina disse...

Milu, que um bem haja para todos nós.Muito obrigada :o)
Carlos, tropeço mas não caio...e se cair levanto.Fico arrasada, magoada,choro, mas não desisto.Não sei se sou mais resistente ou teimosa :o)

Luci disse...

Ainda bem que sempre continuamos dando murros em ponta de faca, uma hora elas entortam. As mãos machucam, mas isso é o de menos.
beijo!