20.12.08


Tem dias em que acordo mais Bertold Brecht do que outros. Que eu sinto que o que eu deveria fazer é retratar o mundo à minha volta. São tantas histórias, tantas tristezas e algumas poucas alegrias. Humanizar-se não é muito agradável. (Há momentos em que se tem de escolher entre ser humano e ter bom gosto - B.Brecht)

São situações tão arrasadoras que chego à me sentir privilegiada.Ontem assisti "'O Ensaio sobre a Cegueira", baseado no livro do Saramago.O filme é bom, mas o livro melhor. O livro te dá uma oportunidade maior de reflexão. A cegueira ao nosso redor é mesmo brutal. Brecht não mudou o mundo, que também na época era brutal, mas traduziu em palavras o que se passava e serviu de exemplo pelo menos à classe artística e literária. Produziu uma espécie de despertar nas gerações seguintes. Afinal foi ele quem disse que: " Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver."

E para finalizar meus devaneios do dia:


"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:não aceiteis o que é de hábito
como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."(B.B.)

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