4.6.19

Temperos

Das cozinhas das mulheres que me serviram de referência gastronômica sempre saía um aroma interessante que despertava minha curiosidade.E lá ia eu descobrir o que estavam preparando.
No começo era instintivo e conforme fui crescendo ia tentando, pelo caminho adivinhar, pelos aromas, o que estava sendo preparado com tanta dedicação e amor.
Até o dia em que ganhei o direito de acompanhar as preparações.
Hoje sou eu quem prepara enquanto outros observam ou simplesmente se deliciam com o perfume que sai da cozinha.Talvez por isso não tenha divisória da minha cozinha para a sala, somente uma muretinha com balcão.
Neste balcão específico sempre tem um vaso de plantas, de preferência as orquídeas que cultivo com carinho e certamente com menos dedicação do que eu gostaria.
Já no outro balcão estão os meus temperos, em potinhos de vidro de diversos tamanhos.


Eles não possuem identificação, somente eu sei o que tem em cada um deles sem precisar cheirá-los ou prová-los.
Desde cedo aprendi o sentido de cada um deles!
Como no filme "O tempero da Vida", do diretor turco de origem grega Tassos Boulmetis, que nasceu em Istambul em 1957 e mudou-se para a Grécia em 1964.



Não, meu aprendizado na cozinha não envolvia astronomia, mas sim relações de afeto!
Quando sinto o perfume da canela me transporto para os meus 6,7 anos e lembro que em alguns domingos chuvosos e entediantes meu pai preparava mingau de leite com amido de milho, colocava num prato fundo, salpicava canela e íamos comendo pelas beiradas enquanto estava quente.
Outro dia fiquei pensando que no dia em que eu me for, tudo isto vai comigo, não passei para mais ninguém.
Acho que por essas e outras que venho aqui e compartilho minhas experiências e sensações gastronômicas, além de afetos!

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