4.8.13

Como tive somente uma avó e ela não era muito presente, não que não quisesse, mas porque morava longe e naquela época a tecnologia não era tão avançada como nos dias de hoje, toda a minha cultura caseira veio da minha mãe.Os ditados populares aprendemos com uma moça que trabalhou em casa, a Zefa.Um que ela gostava muito era: O que os olhos não vêem, o coração não sente.
E eu, claro, não concordava.
Levei anos para compreender o que significava.Para ser bem honesta só hoje começo a concordar que é melhor não ver para não sentir.Antes eu achava que este distanciamento forçado era fuga, covardia, mas não, é simplesmente instinto de sobrevivência.
Complementando o que a Zefa dizia, minha mãe tentava me explicar que existe um distanciamento necessário.É o que nos garante sermos nós mesmos.Como adolescente eu queria ser muito mais que somente eu mesma.Apaixonada, eu queria fundir minha alma a outra, ou mesmo a um grande ideal.
Aprendendo aqui e alí, amadureci e atualmente quero viver, sentir, amar e até mesmo detestar somente o que está ao alcance das minhas mãos.Aquilo que posso ver, escutar, apalpar, cheirar e provar, respeitando sempre a minha individualidade!


The Five Senses - Hans Makart

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse também era um ditado que me provocava alguma confusão e mesmo discordância, mas com a idade percebi como era verdadeiro...
Gostei de a ver pelo Rochedo
Beijinho

Carlota e a Turmalina disse...

Carlos, meu amigo querido, eu bem que gostaria de ficar mais tempo lá pelo Rochedo, mas sempre que posso dou uma passadinha, muitas vezes silenciosa.
Bjos