6.3.09

É...ao escrever o meme de ontem eu lembrei que chorei...e nem foi por mim, foi por uma amiga. Eu tenho dessas coisas...
Essa amiga, que vamos chamar aqui de Mila, eu chamo de prima. Nos conhecemos quando eu tinha 7 e ela 8.Ela morava em Campinas e eu em São Paulo e nossos pais adoravam viajar juntos, com toda a família.Eu tinha um irmão e ela mais 5.
Por muitos anos passávamos praticamente todos os finais de semana juntas.Com ela pulei "n" carnavais.Minha tia fazia fantasias iguais para as meninas, o que fazia o maior sucesso no salão. Suas amigas eram também minhas amigas. Durante mais de 7 anos todas as nossas férias de inverno eram em Campos do Jordão e sempre com a casa cheia, dormíamos espalhadas por colchões na sala.Uma bagunça adorável...
Até que aos 17 anos, Mila se apaixonou perdidamente por um rapaz.Ele era daqueles que se fazia de durão e levou mais de um ano para que enfim eles começassem à namorar.E durante esse período ele foi definindo a relação ao ponto de combinarem, como um casal moderninho qualquer, que ele "sempre" teria direito à uma saída por semana com os amigos prá ir prô bar, fora uma viagem por ano, com os mesmo amigos... e ela aceitou.
Desde aquele tempo eu não concordava com a atitude dele por um único detalhe, ela não tinha o mesmo direito.Ele saía, mas ela tinha de ficar em casa, não podia sair com as amigas.E como sempre, ela aceitou isso, e por uma vida inteira.
Eles se casaram quase 10 anos depois do início do namoro.Eu também não concordo com namoros prolongados, mas enfim, não era eu. Depois começou uma longa jornada para que ela engravidasse.O que ela sofreu com os tratamentos eu sei na pele como foi.Muito antes dela, eu dei um basta e decidi partir para a adoção. O que a inspirou à fazer o mesmo, mas, mais uma vez, o marido achou melhor insistir mais um pouco. Até que em 2006 ela resolveu entrar na fila de adoção, só 11 anos depois.E em 2007 adotaram um menina linda, com 1 ano de idade!!!
Bem, em resumo, a vida dela foi toda baseada nas determinações dele.E ela sempre concordando... por amor.Tudo bem, ele até que era um cara legal, teimoso, mas legalzinho, sociável, não batia em ninguém, gostava de viajar, de um bom vinho, uma boa mesa, uma boa conversa, mas meu santo nunca bateu com o dele.E assim nos afastamos.Nos últimos anos nos víamos esporadicamente, somente em encontros da "família".
Até que no começo dessa semana o telefone tocou e era a irmã mais velha dela ligando prá dizer que ela havia se separado na semana passada.Mas como??? Ah, ele disse que não estava se sentindo feliz, que faltava algo na vida dele e saiu de casa no dia seguinte.Assim...sem mais, nem menos.Deixando para trás casa, mulher, filha e tudo mais que construíram juntos.Porque na verdade, antes dela, ele não era nada.
Aí liguei prá ela.É dificíl definir seu estado atual, é de surpresa, é de revolta, é de tristeza profunda, mas ao mesmo tempo é de força e amor.Porque ela é uma pessoa boa, centrada, que recebe apoio integral de quem a conhece, o que inclui a família dele...Mas eu chorei mesmo ao lembrar de quando ela me contou da primeira vez que se deu conta que estava realmente sozinha.Foi impactante...Agora ela tem casa, trabalho e filha para conciliar.Mas ela vai conseguir! E ao perguntar dele a resposta dela foi:
- Ah...está ótimo, já totalmente repaginado e caindo na noite outra vez!

3 comentários:

ameixa seca disse...

É triste mesmo! Esses homens não dão valor para as mulheres que têm em casa. Um dia ele vai perceber o erro imenso que fez e ela já vai estar ao lado de outro homem que a mereça :) Eu acredito nisso!

Lilica disse...

Olha, é muito estranho como nós, mulheres, sempre acabamos mudando nossa vida por conta de homens. Eu tb fiz isso e graças a Deus percebi antes de virar uma bola de neve, como o caso da sua amiga. Tomara que ela se recupere e seja feliz porque nunca é tarde para isso. Beijos

Layla disse...

Fiquei muito tocada com essa história... Felizmente, sei que ela vai conseguir segurar as pontas e refazer a própria vida, afinal, temos uma coisa a nosso favor: somos mulheres. Isso significa que SEMPRE damos um jeito, tiramos leite de pedra, tiramos força de não-sei-onde, enfim. Não temos escolha... nascemos mulheres, isso implica que conseguiremos dar conta da vida. E que ela se permita amar novamente, o que é sempre importante (ao menos eu acho).
Salaam
Layla