31.5.20

Essa pandemia é bem mais forte do que poderíamos supor.
Ela bate sem dó.Fora matar, ela judia.
A gente tenta manter a moral elevada, mas tem dias em que eu fraquejo, como todos.
Isso porque não assisto mais aos noticiários sobre a Covid 19.
Tento me aquecer com o calor do sol enquanto os pensamentos correm soltos.
De repente, sem aviso algum, bate uma leve tristeza.
E não é estado depressivo e sim uma tristeza pura, genuína. É pensar em quantas pessoas estão sozinhas neste momento.É sentir falta do calor de um abraço, de uma boa conversa enquanto tomamos um expresso. E até mesmo uma cerveja, que eu não bebo, mas entendo bem o clima de confraternização de quem bebe.
Não tomo cerveja, mas aprecio vinhos e destilados e uma mimosa neste exato momento me cairia muito bem.
O mundo parece ter parado, mas estamos vivos.
E assim sigo em frente, como uma montanha russa.
Não dá prá dizer que estou no meu normal!
Aonde mais me pega é que sempre vivi aproveitando todos os momentos da forma mais intensa possível, o tempo está passando normalmente e nós caminhamos em marcha lenta.
Meu pai dizia que eu tinha rodinhas nos pés.
Perdi as rodinhas mas não a vontade de rodar por aí.

28.5.20

Então, eu vim aqui com a intenção de fazer textão com um monte de coisas que anda passando pela minha cabeça nos últimos dias, mas eu vou é correr para baixo das cobertas.
Vou aproveitar que o estômago está aquecido e feliz, com uma coisa que eu podia apostar que não ia dar certo: pizza de tapioca.
Não só deu muito certo, como ficou sensacional!
A massa é um tanto líquida, mas depois de 15 minutos no forno fica perfeita.
Usei forma antiaderente para ter menos trabalho.
Aliás a receita não dá trabalho algum.
Acho que perdi mais tempo fatiando a cebola bem fininha.
Fiz duas, uma portuguesa e outra de atum.
A receita é esta:

26.5.20

Eu gosto de frio? AMO...
mas preciso contar a verdade: levo uns dias para me adaptar.
Aí preciso recorrer aos chás e sopas.
Mas está ótimo assim!
Hoje no plantão achei minha equipe bem mais calma, e num sentido extremamente positivo.
Alguns clientes andam um tanto fora da caixinha, com umas idéias muito estranhas, aparentemente criadas à partir do medo da morte, mas isso me parece que é geral.
O importante é que todos que conheço estão aparentemente muito bem!
E que ando abraçando-os, mentalmente, todos os dias.
Os que pegaram o vírus se recuperaram e a maioria, se pegou, não sabe.
Vamos seguindo em frente, com muito amor e abraços em pensamento!

 

24.5.20

Tem dias que são praticamente assim: dancing with myself.
E também não vejo problema nisso.
É bom termos o nosso tempo.
Minha própria companhia se faz necessária várias vezes ao longo do dia.
Penso demais então preciso de alguns momentos para não pensar em nada e reorganizar minhas idéias.

22.5.20

Confesso que pareço uma montanha russa.
E hoje minha trilha sonora para a meia quarentena de Covid está assim:



Sou de uma geração aonde as mulheres se livraram de muitos tabus, mais do que dos estigmas como tanto falam por aí.
Venho de uma família com características fortemente matriarcais: uma bisavó, uma avó e uma mãe com presenças muito marcantes.
Então foi fácil ser uma das primeiras da turma a dirigir, trocar pneu, viajar sozinha e etc.
E fazer sexo antes do casamento então...isso hoje não parece nada, mas há 30 e tantos anos atrás ainda era mal visto.
Mas eu era moderna, eu lia muito e via todo e qualquer tipo de filme, sem censura.
O último tango em Paris e 9 e meia semanas de amor foram alguns deles, embora eu prefira os 30 dias de Doce Novembro.
A coisa da culpa católica apostólica romana não existia em casa.
E por essas e outras sou muito grata pelos pais que recebi de presente nesta vida.

20.5.20

Un oceano di silenzio

Na última noite perdi o sono outra vez, afinal hoje era dia de ir ao escritório. Sempre soube o que dizer, o que fazer, o que pensar. E agora, nada, quando procuro respostas encontro um oceano de silêncio.



Resolvi então me dedicar um pouco à contemplação.
Sentei-me ao lado do túmulo do meu pai e não pensei em nada, escutei o tempo passar.
E assim encontrei a paz que eu procurava.
Minha alma está mais leve, talvez hoje eu durma a noite inteira.

17.5.20

Como manter a dieta de baixo carboidrato se a pessoa está cozinhando como nunca?
Até faço pratos low carb e muita salada, mas o conforto de um amido é quase tudo nessas horas de incertezas e preocupações.
Na sexta à noite, naquele friozinho gostoso, preparei uma polenta mole com fubá pré cozido finalizada com parmesão, um ragú de carne perfeito e brócolis saudáveis para acompanhar.Não gosto muito de polenta mas faço uma que beira a perfeição, o segredo é mexer bastante, até doer o braço, praticamente uns 10 minutos.Já conta como exercício.
Ontem preparei um prato que meu pai gostava muito: frangada.


Não, não é aquela galinhada branca, com aquele arroz mole.É um prato que se aproxima mais de uma paella.
Você começa, com muita paciência, selando os pedaços de frango temperados (uso vinagre, sal, páprica, louro e lemon pepper) na noite anterior em um fundo de óleo na panela.Não é para fritar em imersão e sim selar em menos óleo.Isso vai levar em torno de meia hora, ou mais.
Daí você retira o frango da panela e coloca de uma a duas cebolas picadas grosseiramente para refogar até o ponto de ficarem transparentes.Coloque então meio pimentão vermelho picado em pedaços grandes e deixe refogar um pouco com a cebola.Em seguida acrescente, salsão picado, ou sal de aipo, ou ainda alho poró, 2 tomates picados e uma xícara de cheiro verde.Adicione metade da água que você usaria para cozinhar duas xícaras de arroz, em torno de uma xícara e meia.Acerte o sal, coloque duas colheres de sopa de extrato de tomate (opcional, aqui é só para realçar a cor) e duas xícaras de arroz.Mexa bem e volte o frango para a panela.Complete com o restante da água (a outra uma xícara e meia) e deixe cozinhar em fogo baixinho.
Isso tudo é comida que alimenta não só o corpo como a alma.   

11.5.20

Essa coisa toda de pandemia, reclusão e isolamento social mexe com a cabeça da gente mesmo.
No sábado que passou acordei com meu pai me dando bom dia e usando um apelido fofo que só ele usava: Carluxa. Como ninguém mais me chamava assim tomei um susto.Levei um tempo para processar a informação de que devo ter sonhado.
Confesso que passei o dia inteiro meio tristinha, calada, por conta de tanta saudade.
Minha sorte é que teve live da Juliana, irmã da minha querida amiga Cris.Foi o que levantou o meu ânimo. O assunto foi nutrição em tempos de Covid 19. É bom demais interagir com outras pessoas nesta fase de grandes e pequenas ausências.Principalmente quando são pessoas com uma excelente vibração.Enquanto não sabemos como será o dia de amanhã e nem o que é verdade ou não, gosto da idéia de compartilhar palavras e afetos.
Nessas trocas percebi que poucas pessoas do meu convívio me chamam somente pelo meu nome, muitos me chamam carinhosamente pelo diminutivo, outros pelo nome da princesa do Brasil que era também o nome da minha avó, ou ainda pelo nome de uma pedra preciosa, alguns poucos e mais íntimos, pelo nome do ingrediente principal do chocolate e até por um nome de verdura, Escarola, ou ainda Carola, coisa que estou longe de ser.
É divertido isso, mostra que você é realmente uma pessoa em particular para cada um deles.
E você que está me lendo agora? Como costumam te chamar?

8.5.20

Ando cansada de radicalismos de todos os lados.
E quem já era chato, ficou mais chato ainda. As pessoas precisam parar um pouco de pegar no pé de outros, olhem para seus próprios rabos de vez em quando.
Aí me atiro no crochê e na cozinha de corpo e alma.
No trabalho anda tudo relativamente controlado, embora hoje uma boa parte tenha desanimado ao saber que a quarentena, no Estado no São Paulo, vai até 31 de maio. As pessoas sentem falta da rotina, mesmo trabalhando em turnos de 3 a 4 dias por semana.Cansa ter que explicar porque é que tem que ser assim.Dá vontade de jogar tudo para o alto e cada um faz o que bem entender, mas aí o meu senso de responsabilidade não deixa.
Estou farta dos noticiários: o número abaixa, o número aumenta, fecha isso, abre aquilo e agora fecha aquilo e abre isso.
Da mesma forma que não confiamos nos números divulgados pelo governo chinês, também não confio nos nossos números oficiais.
Certamente existe uma margem de erro, para cima ou para baixo.
No interior anda não vemos hospitais lotados e número significativo de óbitos por Covid 19 e nem por outro tipo de causa mortis.
Maio, com a chegada do frio, costuma ser um mês que registra mais óbitos que nos demais meses.Por enquanto os índices são semelhantes aos dos anos anteriores.
Aqui somente cerca de 40% da população está respeitando a quarentena.Mas pelo menos vemos muitas pessoas nas ruas usando máscaras e muito álcool gel nos estabelecimentos sendo disponibilizado para os clientes.
Ainda encontramos por aí, famílias inteiras no mercado, na fila do banco, na padaria, na farmácia e até na porta dos cemitérios, aonde a entrada tem sido limitada a 10 pessoas por vez.
No começo eu me perguntava o que essas crianças estavam fazendo na rua. Depois enxerguei uma possível resposta: sem escolas e avós, com quem é que elas vão ficar?
Os grandes mercados continuam cheios, mas agora as pessoas usam máscaras.
Este ano será como um filme em slow motion, aonde os dias e os meses parecerão mais longos, aonde o tempo parecerá não passar, enquanto o nosso cérebro vai captando tudo à sua volta, sem parar.
Que no ano que vem possamos extravazar tudo o que tivemos que conter neste semestre de 2019!

5.5.20

Durante muitos anos trabalhei em Valinhos.
Um dos vigias da noite, o Sr. Jeová, era casado com a chefe da limpeza.Muitas vezes, quando não dormia durante o dia, levava quitutes para esposa.
Numa dessas vezes eu provei umas rosquinhas que ele fez e à partir daí, toda vez que fazia, levava para mim também. Soube que ele faleceu no ano passado.
Agora à tarde, navegando pelo YouTube, apareceu a receita das tais rosquinhas.
Voltei no tempo e cheguei a sentir na boca o sabor das rosquinhas com café.
Vou guardar esta receita para fazer num dia tranquilo.
Só não faço hoje porque estou um tanto cansada, trabalhei de manhã, no modo hard, e tomei vacina.

4.5.20

Hoje Aldir Blanc nos deixou.
Grande compositor e médico, por formação, foi uma das vítimas da Covid 19 no Brasil.
Compôs mais de 600 músicas, como O Bêbado e a Equilibrista.
Minha favorita dele é esta, produzida em parceria com Cristovão Bastos, um bolerão de tirar o fôlego, eternizado na voz de Nana Caymmi :


Faixa bônus: