26.2.19

Se eu fecho meus olhos o que vejo é um turbilhão!!!
Do tipo máquina de lavar roupas com abertura frontal.
Amanhã passo por mais uma avaliação antes da infusão de imunoglobulinas, que agora ficou para depois do Carnaval. Mas fico mesmo pensando como será fantástico se eu conseguir voltar a dirigir da forma normal, com os pés. Não foi bem isso que me foi prometido, mas não custa ter expectativas elevadas.Este tem sido, emocionalmente, um momento muito singular na minha vida.
A pessoa com quem eu mais podia contar nessas horas morreu há dois anos. Tenho podido falar abertamente com poucas pessoas, conto nos dedos.Não porquê não vão me ouvir, mas é que não vão me entender. Logo no começo foi bem difícil, sem meu pai e sem muitos colos disponíveis.Tem gente que não imagina a falta que me fez uma palavra, um abraço ou simplesmente uma xícara de café e alguns momentos de olhos nos olhos.Chorei tanto baixinho que até cansei.E ainda tem outras pessoas que nem imaginam o que está se passando comigo, também não precisam saber.
Tenho que agradecer imensamente o cara metade, que tem feito das tripas, coração, para que eu não caia. Fora isso tenho sentido uma saudade permanente daquelas pessoas que sabiam como me amar.
Puta que pariu! Ando carente prá cacete!
Por sorte, são apenas alguns surtos passageiros de carência, normalmente no final da tarde e de madrugada.
O que acho mais engraçado é a quantidade de desconhecidos que andam me estendendo a mão, ou ainda, simplesmente, me esboçando um sorriso, como se soubessem como isso me faz bem!
Não posso reclamar, estou indo bem...talvez eu esteja começando a aceitar aquilo que não posso mudar.E muito provavelmente quem está mudando sou eu. Tanto que ando recebendo convites para voltar para as produções de cinema e video e acho que dou conta, independente de qualquer limitação.Sinto que minhas asas estão voltando!

24.2.19

Hoje tem cerimônia do Oscar, televisionada à partir das 22 horas.Não tenho certeza se conseguirei ficar acordada até o final pois minha cabeça está um pouco distante de tudo.De qualquer forma estou torcendo por Roma, de Alfonso Cuarón, para prêmio de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Fotografia. Serão todos merecidíssimos!!!
Changing the subject:  acabei de ir às lágrimas ao reler as mensagens do whatts de sexta feira.Eu estava com a malinha pronta quando recebi mensagem do hospital dizendo que a medicação atrasou e que deve chegar à partir de segunda feira, sem data definida ainda.Mas não chorei por causa disso e sim porque me lembrei do médico me dizendo que o meu tratamento não seria fácil e da crise de choro que tive em seguida.
Ou seja, estou um tanto instável.O que tem me animado e me tirado até umas risadas é a série Lúcifer, da Netflix. Acho que durante a vida atraímos certos tipos de pessoas e eu convivi muito com gente com temperamento difícil, rompantes, inteligência afiada e muita sensibilidade, além de inúmeros casos de redenção, voluntárias ou não.
É por essas e outras que tenho me distraído com Lúcifer Morningstar: 

20.2.19

Cheguei em casa, tirei os sapatos, coloquei uma roupa confortável, ajustei o volume dos fones de ouvido e não pensei em mais nada!

18.2.19

Ok...acordei menos dramática hoje.
O que tem me impressionado um bocado é que o passado tem me visitado constantemente.
Talvez seja meu subconsciente dizendo: Va lá, levante e lute...agora não é hora de esmorecer.
Cadê aquela mulher determinada, que sempre soube o que fazer, mesmo parecendo que não?
Amanhã tenho consulta no hospital para tratar da minha internação.Se a medicação chegar logo, no Carnaval já estou em casa.Não sei bem que sentimento tem tomado conta de mim.Não é medo, também não é ansiedade.Talvez seja esta imobilidade temporária, me sinto engessada.
Só sei que é melhor não pensar em tempo, é melhor viver o hoje.
Vou tentar relaxar...nessas horas músicas assim ajudam.

15.2.19

Eu queria falar de amor, que é o que me mantém firme e forte, mas estou preferindo falar de sonhos,  drama, ficção, até mesmo de Romeu e Julieta, o que me faz querer, quando sair dessa, ir à Verona.
Putz, eu queria poder falar mais sobre como estou me sentindo, mas não consigo, acho mais fácil escrever.
Estou sem muita vontade de falar sobre meu próximo tratamento, talvez por estar apreensiva, é tudo ainda muito novo para mim.
O plano de saúde acabou de liberar a internação e a compra da imunoglobulina, agora é uma questão de dias. Serão 5 ou 6 dias de internação nesta primeira fase, e ela terá que ser repetida depois de 30 e 60 dias.
Ou seja, nos próximos três meses estarei comprometida com o tratamento e passarei um temporada no hospital.Que o processo seja suave.
Tento não racionalizar muito porque doenças auto imunes não tem lá muitas respostas.E é também um processo solitário, por mais que eu tente colocar para fora o que estou sentindo, não consigo me expressar, é tudo muito misturado: ansiedade, angústia, ao mesmo tempo esperança, segurança, fé...e sempre muitos questionamentos.
Eu queria pensar menos!

10.2.19

Kid Abelha e Ki Vexame

Hoje estou saudosista...o ano era 1986.
Eu havia entrado na minha segunda faculdade, agora havia decidido que queria ser jornalista.Deixei para aparecer na faculdade somente na segunda semana de aula, achando que escaparia dos trotes.Mas que nada...para escapar de algo pior ou mais vexatório concordei em cantar no karaokê.Só não sabia que era no teatro do campus!
Quando me dei conta a música já estava começando e eu me encontrava no centro do palco com mais duas garotas e um teatro super lotado.Nem sei como cantei, só sei que eu tinha um microfone nas mãos, nunca havia cantado em público, eu mal arriscava uns refrões no chuveiro.
As portas do teatro não fechavam, tinha gente espremida em tudo quanto era canto, só prá dar uma espiadinha.Ao terminar, agradeci mentalmente não terem me vaiado.Só escutava assobios e o pedido de bis, mas garanto que não foram por conta da minha afinação.Sumi do palco da mesma forma como apareci.Por uns dois anos eu ainda era reconhecida como a garota que cantou "Como eu quero".Até hoje não se isso era bom ou ruim, mas lembro com carinho dos aplausos animados, mesmo que não tenham sido sinceros.