30.4.11

Mimos de viagem

Voltemos, então, à Portugal. Passei horas muito agradáveis em frente ou por sobre o Tejo. Encontrei-me com alguns autores e autoras do É Tudo Gente Morta. Em carne e osso eles são ainda mais surpreendentes.Voltei carregada de presentes, que só pararam na estante para a fotografia.Dois foram presente da encantadora e tão cheia de vida, Joana: Mau Tempo no Canal, de Vitorino Nemésio e ERVAMOIRA, de Suzane Channtal, que estou lendo com fervor.
Outros me foram dados pelo querido Manuel e que envolviam dois, ou melhor três, autores ausentes: António Eça de Queiroz, Pedro Marta Santos e Fernando Pessoa.Todos da Editora Guerra & Paz.
O único que já terminei de ler é o Santo António, o homem por trás da lenda, do António Eça de Queiroz. Padroeiro de Lisboa era até então um Santo pouco conhecido por mim. Foi um homem íntegro e determinado que caminhou pelo mundo pregando aquilo no qual acreditava.Gostei muito do seu jeito de ser.E o António escreve de uma forma muito agradável.
Assim que eu terminar ERVAMOIRA e o Guia Terapêutico de Cinema, do Pedro Marta Santos, vou pegar O Romance Ilegal do Sr. Rodolfo, também escrito pelo António.
Sobre o Guia Terapêutico eu venho falar depois, quando terminar a leitura.Só adianto que é super relaxante e que já dei boas risadas com ele, ou seja, o efeito terapêutico começa já na leitura.Faltou contar ainda da participação telefônica do nosso querido José Navarro, que é outro encanto de pessoa.
Depois desse almoço maravilhoso, tive ainda um final de tarde maravilhoso numa mesinha pertencente à um charmoso quiosque, em uma adorável praça no Campo de Santa Clara, na Freguesia de São Vicente de Fora. A Carlota, minha amiga desde o primário, nos convidou para um final de tarde refrescante em meio à tanto calor. A surpresa foi perceber que estávamos de frente para o Tejo, numa posição privilegiada.Entre um chá gelado e muito bate papo o dia foi dando espaço para a noite.
Foi também o bate-papo que permeou a outra noite que saímos juntas.Afinal ela já mora em Lisboa há 19 anos e tem muita história para contar.Ela também foi outra autora que me presenteou com a sua própria obra.E esse é o melhor presente que alguém pode receber.

Post só para meninas:
A psicossomatização devia ser algo proibido. E devia ser muito bem explicado para o meu subconsciente. Em meio ao caos da minha vida profissional na semana passada, na quinta feira fui à nocaute.Eu tive cólicas que não me permitiam ir do quarto até o corredor.Tentei de tudo que é amplamente conhecido, calor, chá de camomila, florais, Bbbbpan , Atttran e todos os ans e ens possíveis e nada.Não conseguia comer, dormir e muito menos trabalhar.Sinal que eu estava péssima.Por outro lado foi até bom porque resolvi o que pude por telefone e outros resolveram por mim o que eu sempre resolvo por eles.
Após mais de 24 horas de sofrimento e uma noite inteirinha não dormida telefonei para o médico.Depois de medicada corretamente, em poucas horas a dor foi embora. O problema é que ele não acredita tanto assim na somatização e pediu um ultrassom para segunda feira.
Tenho "quase" certeza que as fortes cólicas foram reflexo do meu sistema nervoso.Passei a semana super tensa.Engraçado que viajando essas coisas não acontecem,né?

28.4.11

Continuo em stand-by.
Enquanto isso vou lendo os textos alheios e este aqui me convenceu.E olha que sou teimosa feito uma mula.Tenho minhas fortes tendências ambientalistas, mas é o social que me pega pelo estômago. Ah...e só prá constar: continuo contra as usinas nucleares, ok?

26.4.11




Essas são do tempo em que a vida era muito menos complicada ou talvez fôssemos mais iludidos.Confesso que até tenho tido vontade de sentar e chorar (de raiva).
Mas prá quê? Do que ia adiantar? Agora não é hora nem de desabafos.É hora de apanhar de cabeça erguida.Eu acredito num tipo de justiça que muitos chamam de divina.Se é divina ou não, eu não sei, mas tenho certeza que é reflexo dos nossos atos.Eu tô tranqüila, mas o que realmente me tira do sério é toda e qualquer forma de injustiça.E essa afetou muita gente, gente próxima e gente muito querida.Inclusive, eu!
Mas vai passar...
Afinal, o tempo é um químico invisível, que dissolve, compõe, extrai e transforma todas as substâncias morais, já dizia Machado de Assis.
E é bom que eu fique quieta por enquanto, uma vez que não tenho conseguido me expressar direito.

25.4.11

Até quarta feira a coisa andará tensa por aqui, num complicado e trabalhoso processo de transição profissional.Assim que der eu volto para contar um pouco mais sobre as férias.Por enquanto vou adiantando que dos 7 livros que ganhei dos meu queridos amigos, terminei um e estou lendo dois. Logo venho comentá-los.
Tenham todos uma excelente semana!


E é Iansã que rege as mudanças de ordem material. Ela atua no campo da Justiça e sua preferência são os religiosos que se afastam do caminho do bem.

24.4.11

Desejo um Bom Domingo para todos e que possamos elevar nossos pensamentos por um minuto num desejo conjunto de dias melhores para todo o planeta.
Que fique no passado tudo aquilo que nos impede de progredir.
Que nossa esperança se renove e que tudo siga adiante, como deve ser, com paz e muita tranqüilidade.
E que o único sentimento possível em nossos corações seja o amor!
Que assim seja!

23.4.11

Consumo Sustentável

A Revista Superinteressante (ed.286 - dez.2010/Ed.Abril) trouxe uma matéria muito positiva sobre o consumo sustentável. Aliás a revista toda está muito boa. A reportagem da capa é de arrepiar os cabelos e revirar o estômago.

Eu vivo falando aqui sobre a necessidade desse povo tão criativo procurar novas formas de diminuir o lixo que diariamente depositamos na natureza. Porque na verdade até mesmo os chamados recicláveis poluem o meio ambiente, seja durante o próprio processo ou então no descarte final. Por exemplo, uma garrafa pet depois de embalar refrigerante é reaproveitada na confecção de roupas e brinquedos.Só que estes produtos vão acabar no lixo outra vez , só que de outra forma.Sendo assim, o “ganho” é muito pouco. Dois pesquisadores, o americano WillianMcDonaugh e o alemão Michael Braungart, lançaram uma nova proposta no livro Cradle to Cradle - remaking the way we make things (North Point Press-2002). O segredo está em criar um ciclo de vida infinito para tudo o que é produzido ou retirado da natureza. Um prédio seria construído de forma a produzir mais energia do que consome, mantido por placas de energia solar. Os produtos finais de consumo seriam produzidos já pensando em como seriam reabsorvidos pela natureza.Na versão do livro infinito, as páginas seriam feitas de plástico, preenchidas com textos e imagens impressas (ou escritas e desenhadas) com tintas não poluentes, que seriam facilmente removidas por um processo específico não poluente. Eles citam como um bom exemplo dessa teoria a reciclagem de latinhas de alumínio e tecidos biodegradáveis, que ao serem descartados ainda servem como adubo. Quanto aos eletrônicos, eles propõem um tipo de sistema de comodato, como uma licença para utilizar o produto adquirido. Neste caso, o comsumidor compraria o serviço de utilização de um televisor.Quando este apresentasse um defeito ou estivesse muito velho, seria devolvido à indústria (para reutilização de componentes) e o comsumidor receberia um novo. É claro que isso iria alterar o conceito de “posse” que o consumismo criou na sociedade.Mas em prol do meio ambiente acredito que (quase) todos acabariam se adaptando.A matéria vai além, mas este post já ficou bem extenso e acho que deu prá se ter uma idéia das propostas dos autores.E nem são soluções tão radicais assim :o)

Shakespeare e Escher

Digam-me se não tenho lá boas razões para gostar de Shakespeare:

Não diga o meu espelho que envelheço,
se a juventude e tu têm igual data,
mas se os sulcos do tempo em ti conheço
então devo expiar no que me mata.
Tanta beleza te recobre e deu
tais galas a vestir a meu coração,
que vive no teu peito e o teu no meu.
Mais velho do que tu serei então?
Portanto, meu amor, cuida de ti
como eu, não por mim, por ti somente
te cuido o coração, que guardo aqui
como à criança a ama diligente.
Não contes com o teu se o meu morrer.
Deste-me o teu e o não vou devolver.

William Shakespeare, in "Sonetos (22)"

A imagem acima é o auto retrato de Escher. E ele anda por Granada também, até 08 de janeiro de 2012 :

21.4.11

O mundo está lotado!
Por onde se anda é tudo cheio, por onde se quer andar também.Tive sorte de encontrar alguns lugares mais sossegados nas minhas férias, mas vazios, nunca.Deserto, acho que jamais. Vejo que o melhor lugar do mundo é ainda a minha casa. E também a minha janela, aquela sobre a qual posso debruçar no meio da madrugada e contemplar a cidade que dorme lá embaixo. Talvez o silêncio e a calma que procuro eu encontre somente dentro de mim mesma.Não que eu não goste de gente, gente amiga então, eu adoro!
Mas gosto tanto quanto de contemplação.Me faz pensar melhor e encontrar respostas para aquilo que parece perdido.Agora entendo Jesus Cristo e Jim Morrison e suas incursões pelo deserto. Eu não iria tão longe. A música ainda possui o dom de me transportar para onde quer que eu queira. E assim sigo adiante acreditando em coisas que muitas pessoas já se esqueceram ou simplesmente deixaram pelo caminho.
Não é uma questão de sonhar e sim de sobreviver!


Que delícia de feriadão!!!
Tudo bem que tiveram de enforcar Tiradentes para que isso acontecer, mas enfim sou-lhe grata por todos os motivos. Hoje estava separando as fotos da viagem e deparei-em com algo curioso.


Olhando bem de perto o que está escrito abaixo da estátua do Marquês de Pombal, devidamente acompanhado de seu leão de estimação, leio lá que entre suas reformas político-sociais está a emancipação do índios do Brasil.
É verdade que ele expulsou os jesuítas de Portugal e que conseguiu tirar o controle da Igreja sobre a educação tranferindo-o para o Estado.
Bem, mas pelo pouco que sei e pude apurar via wiki o que aconteceu, principalmente na região amazônica é que com a expulsão dos jesuítas, os índios passaram a não trabalhar mais para os brancos.Uma vez que segundo alguns historiadores eles trabalhavam (cooperavam) voluntariamente para os jesuítas.
Desconfio também dessa versão, acho que a coisa toda não era assim tão voluntária, mas enfim também nunca soube que foi o Marquês que emancipou os índios brasileiros.
O Marquês de Pombal é tido com um grande estadista e restaurador, principalmente devido ao seu trabalho de reconstrução de Lisboa depois do terremoto de 1755. E outra coisa é certa, a Inquisição sofreu duros golpes desferidos pelo Marquês.
E falando exatamente de Tiradentes, foi na administração do Marquês que a coroa portuguesa instituiu a derrama em Minas Gerais, fato este que acabou contribuindo para a Inconfidência Mineira.

19.4.11

Mal coloco os pés no chão de Lisboa e recebo uma baforada quente no rosto que vai descendo pelo pescoço enquanto o calor sobe também pela cabeça. Acho que errei de endereço. Lá no cartão dizia : temperaturas amenas, na faixa dos 20 graus.
Erraram por pelo menos 10 e para mais, porque se fosse para menos até que eu ficava feliz.Esse primeiro dia, regado à muita água mineral, foi praticamente perdido.Praticamente porque em Lisboa nada é perdido, tudo é encontrado.


O bom foi que enquanto colocava os pés para cima ia telefonando aos amigos. E assim agendei todos os encontros e compromissos da minha estadia na capital portuguesa.
No caminho para o hotel já negociei com o simpático Sr. Fernando um passeio para o dia seguinte.


Lisboa é uma cidade com muitos táxis, 24 horas por dia e à preço acessível.Como em todo lugar, tem os bons, os ruins, os doidos e os ótimos.Por sorte o Sr. Fernando mostrou-se um ótimo anfitrião. Era um pouco doido também.

No meio do passeio do meu segundo dia eu disse que precisava de uma farmácia antes de voltar ao hotel, ele estancou em frente à uma, em fila tripla , desceu do carro e me abriu a porta.Entrou comigo na farmácia, bateu no balcão e disse:

- Ô Dona Fulana, veja aqui o que a moça está precisando!

E assim foi com quase tudo.


Ele era uma espécie de motorista, segurança e tradutor (embora não fosse necessário).Seu pacote, de 8 horas, incluía visita a Sintra, Praia do Guincho, Cascais, além de toda Lisboa.Meu único pedido foi:

- O Senhor, por favor, fuja da grande concentração de turistas.Quero um passeio sossegado, sem tumulto, nem muita gente.

- Ah...então a senhora não vai querer provar o famoso pastel de Belém?

- Só se não estiver lotado.

Alguns minutos depois lá estava ele em frente à loja que vende os tais pastéis.Tinha gente saindo pelo ladrão.Pessoas se espremiam no balcão enquanto a calçada de fora ficava cada vez mais apinhada de gente.Parecia que o mundo todo estava lá.

- Mas a senhora tem certeza que não vai querer provar?

- Absoluta.

- Mas eles são servidos quentes.

- Nem que fossem fervendo.

Indignado ele tentou mais uma única vez:

- Mas isso é como ir a Roma e não ver o Papa.

Como vi que o homem não ia ceder resolvi mudar a estratégia.

- Tudo bem, então, Sr. Fernando.Vamos continuar o passeio e na volta passamos aqui outra vez , está bem?

E lá foi o homem adiante.Desta vez tomando mais cuidado para não entrar em lugares tão cheios.

À partir daí meu passeio foi um deleite para os olhos.


Até mesmo o Cabo da Roca estava vazio, por sorte.Deu até prá sentir a fresca brisa marinha me acariciando a pele, de olhos fechados, enquanto alguns poucos turistas fotografavam o local de onde, o Sr. Fernando é que me disse, Vasco da Gama partiu para o Oriente.



A Praia do Guincho é mesmo algo de encher os olhos, a mente e a imaginação.



Próximo à hora do almoço, ou um pouco mais que isso, depois de passarmos pelo Parque Monsanto, uma espécie de pulmão da cidade, paramos para almoçar.O lugar com nome sugestivo, O Panças, é uma espécie de restaurante que aqui chamamos de "sujinho", não pela falta de higiene e sim pelo aspecto.Pequeno, apertado, decoração duvidosa, sempre cheio, mas com uma comida sensacional e muito bem feita e bem servida.Experimentamos o Polvo à Lagareiro (grelhado) com batatas ao murro, regadas com muito azeite.


Simplesmente divino!

Após o almoço o passeio foi um pouco mais suave.

Bem, este post acaba por aqui hoje, porque agora vou trabalhar.
Um excelente dia para todos :o)

17.4.11


Enfim acabaram-se minhas tão merecidas e desfrutadas férias. Da minha passagem por Lisboa trago além de belas imagens gravadas na memória, muitos presentes, principalmente livros de gente muito querida e competente que aos poucos comentarei por aqui e a lembrança de muitos abraços amigos e de boas conversas à beira do Tejo.





Da Espanha falarei depois também, mas já adianto que não com tanto entusiasmo. Por enquanto vou aproveitando o retorno ao lar, os mimos do cara metade, o cheiro da minha cama e o conforto do meu banheiro.
Do vôo de mais de 10 horas trago somente a lembrança dos filmes que assisti.
Não sei se estava sensível demais mas me derramei em lágrimas com alguns trechos do O Discurso do Rei. Acho que nem Freud explica. Me emocionei com a atuação conjunta do ColinFirth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter.
O tempo até que passou rapidinho enquanto eu acompanhava a Angelina Jolie e o Johnny Deep pelas ruas de Veneza.Fraquinho, mas esteticamente agradável e divertido.
A grande e boa surpresa foi mesmo o filme Não me abandone Jamais, do diretor Mark Romanek, com a Keira Knightley e baseado no romance homônimo escrito por Kazuo Ishiguro. Gostei do trabalho dos atores e principalmente da fotografia, suave para um tema tão denso.É um drama quase sufocante aonde vamos aprendemos aos poucos, conforme a trama se descortina, sobre resignação, sendo ela certa ou errada, absoluta ou questionável.
Ultimamente ando com uma queda pelos filmes ingleses e acredito que eles estejam bons mesmo!

12.4.11

Depois de mais 6 cidades e dois dias em Serra Nevada, estamos no caminho de volta à Lisboa. Até então a melhor cidade em que estive. Depois conto em detalhes todas as peculiaridades de cada local.Mas uma coisa é certa, eu amo Lisboa.

7.4.11

Acho que encontrei a cidade da minha afeição!