1.7.11

O Amor tem coisas estranhas.
Estudando Romeu e Julieta para um roteiro deparei-me com essa fala, por mais amor que houvesse no coração de Julieta, ela em um momento falou assim de Romeu:

Oh coração serpente, mascarado com feições de uma flor! Em algum tempo dragão já houve em cova tão formosa? Monstro atraente, angélico demônio, corvo de belas penas, cordeirinho devorador como o insaciável lobo, substância desprezível de aparência mais que divina, justamente o oposto do que mostravas ser! Santo maldito, muito honrado vilão! Ó natureza, que tinhas a fazer no negro inferno, quando puseste um infernal espírito no mortal paraíso de uma carne tão bela e tão perfeita? Já houve livro de matéria tão vil, que encadernado fosse com tanto esmero? Oh! que a mentira tenha morada num palácio desses!
( ATO III Cena II )

E em seguida, na Cena V:

JULIETA — Já vais partir? O dia ainda está longe. Não foi a cotovia, mas apenas o rouxinol que o fundo amedrontado do ouvido te feriu. Todas as noites ele canta nos galhos da romeira. É o rouxinol, amor; crê no que eu digo.
ROMEU — É a cotovia, o arauto da manhã; não foi o rouxinol. Olha, querida, para aquelas estrias invejosas que cortam pelas nuvens do nascente. As candeias da noite se apagaram; sobre a ponta dos pés o alegre dia se põe, no pico das montanhas úmidas. Ou parto, e vivo, ou morrerei, ficando.

O que penso é que o amor é assim mesmo, tem seus altos e baixos, mas é sempre o que de mais precioso levamos dessa vida.

1936 - George Cukor

1968 - Franco Zeffirelli

1996 - Baz Luhrmann


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