Minha amiga fada postou algo que me tocou a alma hoje... e ao me ver em muitas daquelas palavras decidi compartilhá-las com vcs:
"Ele era um rapazinho e ela uma adulta.
- Olá, Wendy – disse Peter, não lhe notando qualquer diferença, pois pensava principalmente em si próprio, e àquela luz tão fraca, o vestido branco de Wendy bem podia ser a camisa de noite com que a vira pela primeira vez.
- Olá, Peter – replicou ela com voz fraca, fazendo-se o mais pequena possível.
– Estás à espera que eu voe contigo?
- Claro que foi por isso que eu vim – respondeu gravemente.
– Já te esqueceste que é a altura da limpeza da Primavera, no País da Fantasia?
Ela sabia que era inútil dizer-lhe que deixara passar muitas primaveras.
- Não posso ir – disse, desculpando-se.
– Já não sei voar.
- Eu ensino-te outra vez.
- Ó Peter, não desperdices o pó das fadas comigo.
Ele levantara-se e agora, por fim, um receio assaltava-o.
- O que é? – gritou, recuando.
- Vou acender a luz e tu poderás ver por ti próprio.
Pela primeira vez na sua vida, Peter sentiu-se assustado.
- Não acendas a luz – gritou.
Wendy passou as mãos pelo cabelo do rapaz. Não era uma rapariguinha com o coração dilacerado por ele; era uma adulta sorrindo de tudo aquilo, mas o seu sorriso estava molhado de lágrimas. Então Wendy acendeu a luz e Peter viu. Soltou um grito de dor e, quando a bela criatura se inclinou para o erguer nos braços, ele recuou rapidamente.
- O que é isto? – gritou outra vez.
Ela teve de lhe dizer.
- Sou adulta, Peter. Cresci há muito tempo.
- Prometeste não crescer.
- Não pude deixar de o fazer. Sou uma mulher adulta.
- Não, não és.
- Sou. E a pequenita que está na minha cama é a minha filha.
- Não é nada!
Mas ele pensava que sim e, com a espada na mão, deu um passo para a cama onde dormia a criança. Claro que não a atacou. Em vez disso sentou-se no chão e começou a soluçar; e Wendy não soube confortá-lo, embora em tempos tivesse sido capaz de o fazer facilmente. Agora era apenas uma mulher e saiu do quarto para tentar pensar."
J. M. Barrie, Peter Pan
2 comentários:
Fiquei "sem jeito", como vocês dizem... É um texto em que nos encontramos muito.
Oi, Tur.
Estou com um nó na garganta.
O texto é maravilhoso e prefiro nem comentar.
Beijos mil!!!
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