20.9.19

Tem dias em que a proximidade com a fragilidade humana nos emociona um pouco mais.
Hoje de manhã dei expediente no escritório do cemitério, que é estrategicamente posicionado para nos manter longe das dores e despedidas. Podia ter sido um dia qualquer se não tivessem passado pela minha janela pai e filha.
Ele levemente grisalho e ela aparentando uns 11 anos de idade.
Ela chegou alegre, caminhava determinada de mãos dadas com o pai.
Pelo que escutei iam visitar o túmulo do vô. Num determinado momento ela tirou do bolso uma folha de caderno dobrada.Ao desdobrá-la o vento passou e a levou uns metros adiante.Ela correu, pegou a cartinha com as duas mãos, olhou para ela e voltou para perto do pai sem dizer uma única palavra.Em seguida o abraçou bem apertado e chorou, copiosamente, por incontáveis minutos.
Foi de partir o coração tamanha a tristeza contida naquele choro.
Nessa hora eu também chorei por dentro.

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