30.8.19

Se eu pudesse estaria agora navegando, escutando o barulho das ondas quebrando no casco do barco e sentindo a brisa marinha.
Tem dias em que minha alma precisa ir um pouco além da aridez do cotidiano.
Nem sempre não reclamar significa que está tudo bem do jeito que gostaríamos.Estar sempre feliz e realizada é utopia, não temos tanta liberdade assim.O mundo tem a incrível capacidade de nos tolher. E com a idade vamos perdendo a vontade de insistir. Tenho o impulso de ir cada vez mais para dentro, mas luto para me manter na superfície. E assim cumprir a função de ser sempre a pessoa doce, compreensiva, inteligente, viva, bem humorada (eu acordo assim), alto astral, com a palavra certa na hora certa, o ombro amigo, o abraço gostoso, o olhar comovido, o coração receptivo e etc.
Essa sou eu mesma, não posso negar minha natureza, mas tem dias, poucos inclusive, em que eu queria que o mundo fosse assim comigo: que eu pudesse atravessar o espelho e passar um dia livre de responsabilidades e julgamentos. Queria molhar os pés na água sem ter que disputar um espaço na areia lotada.Queria desfrutar da beleza do silêncio e me cobrir com um manto de estrelas, sem medo e sem correr perigo.Do amor alheio nem espero nada, aprendi a me amar, mas preciso ainda aprender a amar os outros na medida exata, sem doer.

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