A esfinge
Revesti-me de mistério
Por ser frágil,
Pois bem sei que decifrar-me
É destruir-me.
No fundo, não me importa
O enigma que proponho.
Por ser mulher e pássaro
E leoa,
Tendo forjado em aço
As minhas garras,
É que se espantam
E se apavoram.
Não me exalto.
Sei que virá o dia das respostas
E profetizo-me clara e desarmada.
E por saber que a morte
É a última chave,
Adivinho-me nas vítimas que estraçalho.
Myriam Fraga , em "O risco na pele", 1979.
Não sei, honestamente, se alguma vez cheguei a estraçalhar alguém, é possível, embora displicentemente.
Lembrei-me lendo as palavras acima do enigma da esfinge: 'Decifra-me ou te devoro'
“Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três? ”
O homem...
E matutando um pouco mais sobre o homem e a criatura e sobre devorarem-se, vou longe no pensamento.
Escuto Mi Manchi e me emociono:
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