10.5.15

Ontem fiz uma pequena degustação do que passei a acreditar que deva ser o tal do Inferno.
Fui ao shopping center às vésperas do Dia das Mães.
Não para fazer compras, mas sim para participar de um bate papo informal sobre o lançamento de uma webserie sobre Cinema, numa livraria cult e renomada.
A muvuca começou antes de entrarmos no estacionamento, estava tudo congestionado.
Estacionamento este que não tinha vagas.Já imaginando isto, o cara metade me levou e depois foi me buscar.Mas acham que mesmo assim foi fácil? Nani nani não.
Não havia vagas e nem uma forma de alcançar uma das entradas para eu poder desembarcar.
Era um tal de segurança correndo prá cá e prá lá, gente irritada, o povo esbravejando, as cancelas automáticas enguiçando. O verdadeiro caos.
O cara metade parou por uns instantes e eu literalmente saltei do carro para a rua.


Depois de alguns metros de caminhada, as portas do templo do consumo moderno abriram-se automaticamente.
Eu tinha que atravessar somente um trecho de uns 10 metros, no máximo, até as portas da livraria.Sabem aquela fila na frente do estádio, um pouco antes da abertura dos portões, numa decisão de campeonato de futebol? Era quase isso.Tomei duas cotoveladas, três encontrões e uma pisada no pé.
Sobrevivi e cheguei aos céus, na verdade o auditório da livraria.
Ambiente acústico, luz controlada, tudo muito acolhedor, mesmo com o foco de luz dirigido na minha cara que uma vez ou outra me fazia lacrimejar.Aquela era a verdadeira representação do caminho da iluminação.Por duas horas falamos sobre cinema e filosofia.Até o inferno foi citado, impossível deixá-lo de fora.
O que me fez lembrar que eu teria que atravessá-lo novamente para ir embora.
Terminado a bate papo e depois de uma longa despedida de colegas e participantes, me enchi de coragem e coloquei o pé na pista para percorrer o caminho de volta.
Como havia muito trânsito o cara metade enviou uma mensagem avisando que iria demorar.No meio do caminho havia um banco e lá sentei-me. Aproveitei para apreciar a paisagem.
Nos quase 20 minutos de espera contei 16 carrinhos de bebê.Não aqueles em que as crianças, já maiores, vão sentadas, estou falando de bebês com meses de idade.
Minha modesta racionalidade não me permite compreender o que leva casais a levarem seus bebês ao shopping, principalmente num dia desses. Hellooo, existe vida, e muito mais saudável, fora do planeta shopping!!!
Jovens com os olhos grudados em seus smartphones, sacolas e mais sacolas de todos os tipos, cores e tamanhos, selfies tendo de fundo flores falsas, passadas quase que automáticas, expressões vazias como zumbis e pressa.Muita pressa, como se o mundo fosse acabar naquele momento.
Nem preciso dizer que o início do evento atrasou porque as pessoas não conseguiam chegar ao local por conta do trânsito e falta de vagas.
Para finalizar eu digo só uma coisa: mãe não precisa de presente no Dia das Mães.
Mãe precisa de presença, carinho e muito amor!!!
De preferência, todos os dias...
( Imagem: Correio Braziliense)

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