Perdi minha avó materna quando nem havia ainda caído na vida.
Eu estava, na ocasião, dentro da barriga da minha mãe, com pouco mais de quatro meses.
Meu avô, logo depois da missa de sétimo dia, ou seja, eu ainda não estava de corpo presente no seio familiar, casou-se com a outra, com quem tinha já duas filhas pequenas, pouca coisa mais velhas do que eu. Nos viamos somente em datas festivas.
Meu avó paterno morreu uns anos depois e a única avó que me restou morava em outra cidade e "tomava conta" de uns primos meus enquanto a mãe deles casava e descasava.
Isto tudo e nem chegamos ainda nos anos 70.
Meu pai, à princípio, trabalhava em dois empregos e depois arrumou outro que exigia que ele vivesse viajando.
Ou seja, minha memória musical, vem única e exclusivamente da minha mãe.
O que eu considero uma verdadeira dádiva.E era num antigo gramofone que escutávamos os discos favoritos dela, herança da minha avó.Na verdade, de material, foi a única lembrança que lhe restou.A outra levou tudo, juntamente com o meu avó, quando se mudaram para o novo lar do casal. Hoje nem mais o gramofome existe.
Resiste sim a lembrança dos bons momentos ao som da Traviata, com Andre Kostelanetz e de tantos outros clássicos.
No Dia das Mães gravei-lhe um CD com estas músicas.
Ela chorou tanto de emoção que fiquei preocupada.
Mas ela passa bem!
2 comentários:
Que texto bonito!
Blonde...vc percebe que a vida real, mesmo com suas tragédias, pode ser bonita :o)Bjoss
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