Minha mãe diz que tenho algum problema sério, que devo ter batido forte a cabeça ou coisa parecida, porque gosto mesmo de ir ao dentista, principalmente porque por volta dos sete anos eu mordi a mão de um sem dó nem piedade.Hoje chego a ir umas duas ou até três vezes em um ano.
Sempre vou achando que tem alguma coisa errada e está tudo certo.
Hoje não podia ser diferente. Sento, abro a boca e aponto o indicador para o fundo dela:
- Tem uma manchinha alí no fundo, acho que é cárie.
- Dói?
- Não, mas eu acho que é cárie!
O paciente dentista olha, olha, raspa com uma espátula e diz:
- É mancha!
- Tem certeza? Olha de novo.
Aqui qualquer outro já teria sido mal educado comigo.E volta o dentista pra minha boca:
- É mancha mesmo!
- Mas como, se eu nem fumo?
- Porque é normal, com a idade podem aparecer algumas manchas nos dentes.
- Então você pode olhar os outros também?
- Algum dói? A gengiva sangra?
- Não e não também.
Depois de uma inspecionada minuciosa ele decreta:
- Não há nada de errado aí.Nem tártaro para ser removido.Pode ir e só volte no ano que vem.
- Tem certeza?
Ainda bem que ele me conhece desde os 15 anos de idade.Haja paciência.Mas acho que isso é trauma de infância, provavelmente alguém devia me dizer que se eu não cuidasse dos dentes ia perdê-los todos.Acho que era meu pai e pelo jeito o discurso funcionou.
2 comentários:
Essa predilecção por dentistas só pode mesmo ter explicação Freudiana!
Como já escrevi em tempos lá no On the Rocks,a única coisa que me alegra quando vou à dentista, é saber que vou passar uns momentos a poder olhar fixamente aquela beleza balzaquiana, sem que ela me dê um fora :-)))
Carlos...acho que só mesmo Freud...eu gosto da sensação pós consultório, os dentes todos muito limpos, brilhando como num comercial de pasta dental e a sensação de frescor na boca.
Com certeza nossas motivações são bem diferentes :o)
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