24.8.11

Voltando a Jorge Luis Borges. Ele faria hoje 112 anos.

Não conheço nem dez por cento da sua obra.Mas do pouco que sei, gosto muito.E depois de conhecê-lo, costumo ver Borges em tudo. Sua Biblioteca de Babel costuma estar presente em diversos filmes, naqueles em que os personagens estão numa busca aparentemente sem respostas, principalmente ficções científicas.


"A distribuição das galerias é invariável. Vinte estantes, em cinco prateleiras por lado, cobrem todos os lados menos dois; sua altura, que é a dos andares, excede apenas a de um bibliotecário normal."

“... cada exemplar é único, insubstituível, mas (como a Biblioteca é total) há sempre várias centenas de milhares de fac-símiles imperfeitos: de obras que apenas diferem por uma letra ou por uma vírgula.”


O espelho de que tanto gosto e que muito se faz presente em meus roteriros também está na Biblioteca de Borges:


"No saguão há um espelho, que duplica as aparências fielmente. Os homens costumam inferir desse espelho que a Biblioteca não é infinita (se o fosse realmente, para que essa duplicação ilusória?); prefiro imaginar que as superfícies polidas representam e prometem o infinito..."

Mas saindo da Biblioteca viajo com Borges por um mundo desconhecido e surreal que muito me encanta:


Hino


Esta manhã

há no ar a incrível fragrância

das rosas do Paraíso.

Nas margens do Eufrates

Adão descobre a frescura da água.

Uma chuva de ouro cai do céu;

é o amor de Zeus.

Salta do mar um peixe

e um homem de Arigento lembrará

ter sido esse peixe.

Na gruta cujo nome será Altamira

dedos sem rosto traçam a curva

de um lombo de bisonte.

A lenta mão de Virgílio acarinha

a seda trazida

do reino do Imperador Amarelo

por naus e caravanas.

O primeiro rouxinol canta na Hungria.

Jesus vê na moeda o perfil de César.

Pitágoras revela aos seus gregos

que a forma do tempo é a do círculo.

Numa ilha do Oceano

os lebréus de prata perseguem os veados de ouro.

Numa bigorna forjam a espada

que será fiel a Sigurd.

Whitman canta em Manhattan.

Homero nasce em sete cidades.

Uma donzela acaba de caçar

o unicórnio branco.

Todo o passado volta, é uma onda,

e essas antigas coisas recorrem

porque uma mulher te beijou.


Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives.


Tem mais para se ler no Scribed


E aqui para ver e ouvir:



4 comentários:

Anônimo disse...

Também escrevi no CR sobre Borges e as minhas deambulações em Buenos Aires, seguindo o seu rasto.
sabia que encerou a cafeteria Richmond, na calle Florida, onde ele tinha uma tertúliaa? Amanhã vo escrever sobre isso.

Carlota e a Turmalina disse...

Carlos...estou indo já lá ler o de hoje e amanhã tb :o)

Luciana disse...

Ola, vou sotear os produtos mococa sim, mas nao recebi muitas receitas ainda......
Pode enviar a sua.....
beijos
Lu

Carlota e a Turmalina disse...

Oi Lu...vou enviar alguma e vou divulgar para que mais pessoas enviem!!!Bjos