Hoje é o Dia Mundial da Fotografia...dizem...porque o dia do fotógrafo é 8 de janeiro. Mas como um não existe sem o outro quero deixar aqui registrada a minha admiração pela mais brasileira fotógrafa inglesa: Sheila Maureen Bisilliat .
Segundo Maureen, "o Brasil foi uma procura de raízes, que eu não tive quando criança. Nasci na Inglaterra, sim, mas vivi em muitos lugares. Meu pai era diplomata, o que me obrigou a uma vida meio camaleônica. O destino me amarrou ao Brasil. Foi um ficar querendo." .
Por mais de 20 anos, viajou pelo Brasil com seu segundo marido, o francês Jacques Bisilliat, em busca de trabalhos de artistas populares. Em 2003, sua obra fotográfica completa, com mais de 16.000 imagens, incluindo fotografias, negativos preto e branco e cromos coloridos, foi incorporada ao acervo fotográfico do Instituto Moreira Salles.
Publicou vários livros de fotografia inspirados em obras de grandes escritores brasileiros:
A João Guimarães Rosa. São Paulo: Gráficos Brunner, 1969.
A Visita, 1977, inspirado no poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade
Sertões, Luz e Trevas. São Paulo: co-edição Editora Raízes e Rhodia, 1982, inspirado no clássico de Euclides da Cunha
O Cão sem Plumas. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1983 , inspirado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto;
Chorinho Doce, 1995, com poemas de Adélia Prado
Bahia Amada Amado. São Paulo: Empresa das Artes, 1996, com textos de Jorge Amado
E ainda:
Xingu: Detalhes de uma Cultura (São Paulo: Editora Raízes, 1978),
Xingu: Território Tribal (Londres, William Collins & Sons, 1979)
Terras do Rio São Francisco (São Paulo: co-edição Editora Raízes e BEMGE, 1985).
Em 1985 expôs numa sala especial na 18ª Bienal Internacional de São Paulo,um ensaio fotográfico inspirado no livro O Turista Aprendiz, de Mário de Andrade.
“Quando li Grande Sertão: Veredas, entrei nele como um peixe n´água. A questão de compreender envolve outros raciocínios, que não somente os lingüísticos. Depois de ler, me perguntei o quanto era realidade e o quanto era invenção, e como se uniram. Aí fui ver o escritor, que me sugeriu que fosse testemunhar esse mundo – ele me disse que eu entenderia muito bem o sertão, pois eu tinha raízes irlandesas; a Irlanda e o sertão têm populações que se ligam muito ricamente com a palavra. Uma vez que você está na trilha, você está resolvido. passa a ter uma identidade. “
Maureen Bisilliat hoje:
"Hoje não gosto de estar atrás da lente de uma máquina fotográfica.
Faço vídeo, não mais fotos – há já uns 15 anos. Ficou repetitivo. Cansei.
Gosto de ligar a imagem ao texto – o vídeo favorece isso. Faço muito vídeo, inclusive videofotografia, que é tirar instantes do vídeo e reproduzir em fotos. Há uns quatro anos me dedico a um trabalho de resgate de memória do Carandiru. É um projeto que faço com minha filha, que iniciou um trabalho no presídio nos anos 80. Fizemos um livro e agora queremos ter um espaço de memória num dos pavilhões. Acho que a memória é muito importante. Não preservá-la de maneira morta, mas tê-la para apreciação. São fotos, vídeos, testemunhos, entrevistas. É como se eu fotografasse, de fato, porque estou sempre lidando com a imagem."
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