Mal coloco os pés no chão de Lisboa e recebo uma baforada quente no rosto que vai descendo pelo pescoço enquanto o calor sobe também pela cabeça. Acho que errei de endereço. Lá no cartão dizia : temperaturas amenas, na faixa dos 20 graus.
Erraram por pelo menos 10 e para mais, porque se fosse para menos até que eu ficava feliz.Esse primeiro dia, regado à muita água mineral, foi praticamente perdido.Praticamente porque em Lisboa nada é perdido, tudo é encontrado.O bom foi que enquanto colocava os pés para cima ia telefonando aos amigos. E assim agendei todos os encontros e compromissos da minha estadia na capital portuguesa.
No caminho para o hotel já negociei com o simpático Sr. Fernando um passeio para o dia seguinte.
Lisboa é uma cidade com muitos táxis, 24 horas por dia e à preço acessível.Como em todo lugar, tem os bons, os ruins, os doidos e os ótimos.Por sorte o Sr. Fernando mostrou-se um ótimo anfitrião. Era um pouco doido também.
No meio do passeio do meu segundo dia eu disse que precisava de uma farmácia antes de voltar ao hotel, ele estancou em frente à uma, em fila tripla , desceu do carro e me abriu a porta.Entrou comigo na farmácia, bateu no balcão e disse:
- Ô Dona Fulana, veja aqui o que a moça está precisando!
E assim foi com quase tudo.
Ele era uma espécie de motorista, segurança e tradutor (embora não fosse necessário).Seu pacote, de 8 horas, incluía visita a Sintra, Praia do Guincho, Cascais, além de toda Lisboa.Meu único pedido foi:
- O Senhor, por favor, fuja da grande concentração de turistas.Quero um passeio sossegado, sem tumulto, nem muita gente.
- Ah...então a senhora não vai querer provar o famoso pastel de Belém?
- Só se não estiver lotado.
Alguns minutos depois lá estava ele em frente à loja que vende os tais pastéis.Tinha gente saindo pelo ladrão.Pessoas se espremiam no balcão enquanto a calçada de fora ficava cada vez mais apinhada de gente.Parecia que o mundo todo estava lá.
- Mas a senhora tem certeza que não vai querer provar?
- Absoluta.
- Mas eles são servidos quentes.
- Nem que fossem fervendo.
Indignado ele tentou mais uma única vez:
- Mas isso é como ir a Roma e não ver o Papa.
Como vi que o homem não ia ceder resolvi mudar a estratégia.
- Tudo bem, então, Sr. Fernando.Vamos continuar o passeio e na volta passamos aqui outra vez , está bem?
E lá foi o homem adiante.Desta vez tomando mais cuidado para não entrar em lugares tão cheios.
À partir daí meu passeio foi um deleite para os olhos.
Até mesmo o Cabo da Roca estava vazio, por sorte.Deu até prá sentir a fresca brisa marinha me acariciando a pele, de olhos fechados, enquanto alguns poucos turistas fotografavam o local de onde, o Sr. Fernando é que me disse, Vasco da Gama partiu para o Oriente.
Próximo à hora do almoço, ou um pouco mais que isso, depois de passarmos pelo Parque Monsanto, uma espécie de pulmão da cidade, paramos para almoçar.O lugar com nome sugestivo, O Panças, é uma espécie de restaurante que aqui chamamos de "sujinho", não pela falta de higiene e sim pelo aspecto.Pequeno, apertado, decoração duvidosa, sempre cheio, mas com uma comida sensacional e muito bem feita e bem servida.Experimentamos o Polvo à Lagareiro (grelhado) com batatas ao murro, regadas com muito azeite.
Após o almoço o passeio foi um pouco mais suave.
Bem, este post acaba por aqui hoje, porque agora vou trabalhar.
Um excelente dia para todos :o)
2 comentários:
Oh, e não é que estás mesmo cá?!
Blonde querida...agora já estou do lado de cá.Estive aí até a semana passada :o)
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