21.11.10

Ontem foi comemorado por aqui o Dia da Consciência Negra. Não esqueci, não.
Eu estava ainda me recuperando da correria da semana passada.
Hoje, já descansada e renovada, posso escrever sobre um assunto que muito me interessa e que reflete diretamente no meu viver.
Ter consciência, é sentir, com penar, que meu filho é o único negro do seu círculo de amizades.
Num dia reservado para pensar no negro como cidadão, qual o lugar que queremos para as chamadas minorias?
Em 28 de agosto de 1963, no Lincoln Memorial em Wahington D.C. Martin Luther King falou num discurso que passou para a história: I Have a dream...

E lá ele disse, entre outras coisas:

Cem anos atrás, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos, assinava a Proclamação da Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
Depois de mais de cem anos, o Negro ainda não é livre. A vida do Negro ainda é tristemente marcada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda definha nas margens da sociedade americana e se encontra exilado em sua própria terra.(...)
No processo de conquistar nosso legítimo lugar não devemos ser culpados de atos errados. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força da alma.
Esta maravilhosa nova militância que envolveu a comunidade negra não nos deve levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, para muitos os nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje. Vim a perceber que o destino deles é amarrado ao nosso destino . E eles têm vindo a perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade.
Nós não podemos caminhar sozinhos .(...)
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da sua pele mas pelo conteúdo de seu caráter.

Esse é o tipo de consciência que devemos ter. Que todos temos direitos e que não devemos ser julgados e condenados pela cor da pele, pelo sexo, pelas formas e por todo e qualquer tipo de diferença!
Quase 50 anos depois o Presidente dos E.U.A. é negro, mas qual o papel do negro na sociedade? Aonde eles estão aqui no Brasil? No governo? Nas escolas de qualidade? Em trabalhos dignos e bem remunerados? Quanto médicos negros você conhece? Políticos, professores, cientistas, escritores? Por sorte, além da indiscutível competência, encontramos no meio artístico muitos músicos e hoje, também muitos atores e atrizes da raça negra. Mas pergunte ao Milton Gonçalves como era há alguns anos atrás.
E que isto seja passado, porque afinal como disse M. Luther King, brancos e negros para serem genuinamente livres precisam estar presentes um no outro.
E quantos belas parcerias temos visto :

2 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...

"Esse é o tipo de consciência que devemos ter. Que todos temos direitos e que não devemos ser julgados e condenados pela cor da pele, pelo sexo, pelas formas e por todo e qualquer tipo de diferença!"(2)

Como sempre sensível e pertinente. Um lindo post. Não sei se você leu, mas achei este depoimento aqui muito comovente:
http://juliana-finaflor.blogspot.com/2010/11/novembro-20.html
E este texto aqui, impecável:
http://www.idelberavelar.com/archives/2010/11/nao_e_sobre_voce_que_devemos_falar_por_ana_maria_goncalves.php
Beijos carinhosos

Paloma disse...

Muitas vezes tenho pensado:Gostaria
muito que o grande M.Luther King pu
desse ver o atual presidente dos Es
tados Unidos. Homem íntegro,inteli-
gente,elegante no falar, no vestir,
no seu comportamento geral. Respei-
tado pelo mundo inteiro. O orgulho
de uma nação. E,como dizem, popular
mente ele é ¨O Cara¨. Tem prestígio
presença e todas as qualidades que
um presidente deve ter.
Beijos