La Géante
Du temps que la Nature en sa verve puissante
Concevait chaque jour des enfants monstrueux,
J'eusse aimé vivre auprès d'une jeune géante,
Comme aux pieds d'une reine un chat voluptueux.
J'eusse aimé voir son corps fleurir avec son âme
Et grandir librement dans ses terribles jeux;
Deviner si son coeur couve une sombre flamme
Aux humides brouillards qui nagent dans ses yeux;
Parcourir à loisir ses magnifiques formes;
Ramper sur le versant de ses genoux énormes,
Et parfois en été, quand les soleils malsains,
Lasse, la font s'étendre à travers la campagne,
Dormir nonchalamment à l'ombre de ses seins,
Comme un hameau paisible au pied d'une montagne.
A Giganta
No tempo em que a natureza, poderosa e fecunda,
Seres descomunais dava à terra mesquinha,
Eu quisera viver junto d'uma giganta,
Como um gato voluptuoso aos pés d'uma rainha!
Gosta de assistir-lhe ao desenvolvimento
Do corpo e da razão, aos seus jogos terríveis;
E ver se no seu peito havia o sentimento
Que faz nublar de pranto as pupilas sensíveis
Percorrer-lhe a vontade as formas gloriosas,
Escalar-lhe, febril, os joelhos grandiosos;
E às vezes, no verão, quando no ardente solo
Eu visse deitar, numa quebreira estranha estranha,
Dormir serenamente à sombra do seu colo,
Como um pequeno burgo ao sopé da montanha!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Porque algumas vezes é bom ser giganta...
Nenhum comentário:
Postar um comentário