Se tu viesses ver-me…
(Florbela Espanca)
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…
E assim eu o vejo, entrando pela porta, com seus passos lentos. Pensa fazer-me surpresa.Mas que nada. A porta esteve sempre aberta, foi o tempo da promessa que demorou a chegar. Hoje as mãos que pousam sobre meus olhos, numa brincadeira de adivinha, são frias e marcadas pelo tempo. Fecho os olhos e reconheço-o. Aliás desde que entrou pela porta eu sabia que havia vindo e para ficar.Seus beijos sempre estiveram na minha boca, assim como seu cheiro impregnado na minha pele. Artimanhas do desejo, um cheiro, um abraço, um sorriso ou um beijo que me roubou um tanto desastrado. Já pode fechar a porta que este é o tempo da felicidade.Mas venha logo que o tempo é curto.
P.S. Obrigada, Borboleta querida, pelo empréstimo da Florbela :o)
5 comentários:
Florbela Espanca é pura emoção,
sensibilidade e a tristeza de um
amor perdido.
Paloma... eu gosto da emoção nas palavras de Florbela e obrigada pela visita :o)
Eu é que agradeço pelo belíssimo e pungente complemento. Quanto mais venho, mais gosto...
Como eu adoro Florbela Espanca!
Gosto tanto e tenho um livro dela ali na estante que é uma delícia :)
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