Da minha Janela
(Emilio de Menezes)
Desta janela aberta aos eflúvios de Abril, 
Vendo os que vão e vêm, a alma sonha e medita: 
- "Pela vida- a lutar nesta faina febril, 
Este e aquele, onde vão? de onde vêm nesta grita?”
O que se ama ou se odeia ou se busca ou se evita, 
Tudo se cruza aqui numa trama sutil. 
- Quantos a morte leva ou seja nobre ou vil, 
Enquanto em pleno sol o vivente se agita? -
E penso então que desde o tempo mais distante 
A rua vê correr a humana vaga, e nela, 
Nada mudar da vida o drama palpitante.
E que outras ondas sempre aqui virão rolar... 
Sempre as mesmas! porém, desta minha janela, 
Outros - não eu! - virão vê-las ir e voltar... 
   
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