É, meu caro Pessoa, não são somente as cartas de amor que são ridículas, as mães também!
Mãe dá vexame, faz filho pagar mico, se desespera à toa, chora, faz que vai arrancar os cabelos, se arma para defender suas crias, grita brava, perde o sono, abraça apertado, fala, fala e fala, nunca esquece a lista infinita de recomendações, sofre e ama desmedidamente. Ah...e também faz sopa...
Mãe dá vexame, faz filho pagar mico, se desespera à toa, chora, faz que vai arrancar os cabelos, se arma para defender suas crias, grita brava, perde o sono, abraça apertado, fala, fala e fala, nunca esquece a lista infinita de recomendações, sofre e ama desmedidamente. Ah...e também faz sopa...
Pois é Pessoa, perdi o sono porque aquele meu filho maravilhoso, que tem "somente" 14 anos (é quase um bebê), vai viajar com o time de futebol em Julho (sim, estamos ainda em Maio). Serão cinco dias de concentração nas montanhas, antes do início do Campeonato Regional. Lá vão treinar, se divertir, passear, disputar coletivos e tudo o mais que é considerado extremamente saudável.Mas sabe como é, né? Já fico aqui pensando se ele vai passar frio, se vai ter juízo, se vai tomar banho direito, se vai arrumar sua cama e suas coisas como se deve, afinal são quarenta meninos dividindo um alojamento. Eu sei, mãe é mãe, e toda mãe é ridícula...
Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente ridículas.)
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente ridículas.)
Fernando Pessoa
Um comentário:
E vivam as mães-galinha!
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