Algo me incomodou um pouco nessa viagem...aonde parei prá bater papo, o que é uma constante nas minhas viagens, o sentimento era de insatisfação com a situação geral do país.Não estamos em crise, pelo menos não numéricamente, mas há algo de podre e encoberto no reino da Dinamarca.
Ouvi muitas reclamações sobre o sistema de saúde aqui do sul do país, principalmente por parte das pessoas mais velhas.Os mais novos, principalmente produtores rurais, reclamam da educação e da falta de escolas. Conversei também com pequenos empresários que reclamam dos altos impostos e da dificuldade para manterem seus negócios.
Mas não é só de problemas que vive esse povo tão belo e acolhedor.
Divertímo-nos muito com o velhinho que faz bengalas de madeira, além da família de pai, mãe e três fillhos entre 10 e 17 anos que toca heroicamente uma pizzaria.As crianças vão à escola de manhã, fazem os deveres e brincam à tarde, e à noite ajudam no restaurante .Gente muito batalhadora que não perde a esperança, seus valores e nem o vínculo que os une.
Conheci também uma moça da cooperativa agrícola, que apesar de muita dificuldade e sofrendo muito com as chuvas, ainda acredita que lá é o melhor lugar do mundo pra se viver.E já faz planos para o aniversário de 15 anos da filha caçula, em Fevereiro do ano que vem.
Me impressionei também com uma outra família maravilhosa que vende queijos e vinhos em Canela. Recém casados foram tentar a vida na Espanha, não deu certo, mas isso deu-lhes uma bagagem enorme. Hoje tocam uma pequena loja e têem um filho lindo.Ficamos horas lá entre um bate papo e alguns copos de vinho.Falamos de política, economia, família, gastronomia e até mesmo sobre estradas e automóveis.
Infelizmente a cidade de Gramado vive basicamente do comércio para turistas.Ela tem tudo pra viver da cultura, mas o que impulsa a economia local é a venda de roupas, artesanato, vinhos e chocolates. Tentei voltar ao Lago Negro que conheci na infância, mas qual não foi a minha decepção ao ver o local lotado de ônibus de excursão.Além das placas de sinalização e lixeiras de gosto duvidoso.Uma horrenda agressão à natureza.
Hoje, o que mais se vê por lá são muitas e muitas lojas, além de inúmeros restaurantes, mas este é um capítulo à parte.Voltarei nesse assunto num próximo post.
Já estou fazendo o caminho de volta.E o telefonema do meu filhote me balançou ontem. Quando saio e passo um tempo fora, no começo ele acha ótimo, mas os dias vão passando e a sua voz vai murchando ao mesmo tempo que meu coração vai batendo mais forte de saudade.
Um comentário:
Parece que o Mundo todo se queixa. Em Portugal, vamos com uma crise que há décadas não tínhamos conhecimento.
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