30.8.14

A manhã está linda, 20 graus, um sol discreto e muita preguiça.
Sei que sonhei e que foi bom, só não me lembro do sonho.
Ei, Jung, você bem que podia me dar uma mãozinha, héin?
Fiz um café de máquina e aqueci uns pãezinhos de semolina que preparei na noite anterior.Coloquei os fones no ouvido e entreguei-me ao prazer de escutar música.
De som em som encontrei um que se parece com a sensação que o sonho deixou em mim.


E como uma coisa leva a outra tenho quase certeza de que eu dançava.
E na chuva!


27.8.14

Ô meu São Benedito...parece que aquela minha fase gastronômica ruim acabou.
Acertei a mão outra vez ontem e hoje.
E nem o cansaço fez diferença.Fiz uma cenoura ao curry divina, ficou adocicada e picante na medida certa.
Hoje o trânsito estava acima da média, mas ao invés de estressar resolvi ligar o rádio e deixar a pressa prá lá. Escutei muita coisa boa e descobri que o Zeca Baleiro gravou "Ai, que saudade d'ocê" , do Vital Farias.Já foi interpretada por diversos artistas da MPB, mas gostei muito desta versão.Não encontrei o video somente com o cantor e sim um que faz referência à uma novela.
Esqueçam a novela e escutem a música, que tá boa demais:

23.8.14

Não somos como máquinas e acho que nem nunca seremos.
Cozinho até que bem, conheço os temperos, os elementos, os segredos e as proporções.Mas tem dias em que as coisas não saem exatamente como deveriam ser.Interferência do estado de espírito.
Ontem foi assim e hoje cedo o café da manhã não foi diferente.Ou seja, um desastre...
Acho que é cansaço! O tornozelo torcido voltou ao seu estado normal, mas atrapalhou-me um bocado no decorrer da semana.Além do que, minha cabeça está cheia.Sistematicamente passamos por períodos de encubação de problemas sem solução no momento.Com o passar dos dias, semanas ou meses as coisas vão sendo resolvidas, mas por enquanto estamos em stand by.Isto entra em conflito com a ansiedade que me é peculiar.
Aí escrevo, me meto em projetos, planejo viagens, enfim, me ocupo mais ainda enquanto não tenho resolvido aquilo que me incomoda.Chego no sábado como se tivesse carregado o mundo nas costas a semana inteira.
Meu parceiro cinematográfico está trabalhando com uma equipe ótima e me chamou prá filmarmos um roteiro meu.Aceitei, é claro, só que o filme de 15 minutos, finalizado, tem que ser entregue até a última semana de outubro. A partir da próxima sexta feira estaremos numa Mostra de Curtas.Dos cinco filmes do grupo que foram selecionados, tenho participação em três.
Por tanto o cansaço é bom!
Para aliviar já fechei as férias do ano que vem.Vou outra vez para o sul do continente, que é aonde mais gosto de estar, tirando Portugal.Muitas pessoas viajam sem planejamento, eu não consigo.Para sair preciso deixar tudo mais ou menos em ordem.Não que eu não saia sem planejamento algumas vezes.
Além da minha diversão, que é participar de produções cinematográficas experimentais, tenho um trabalho que me sustenta e que consome muito mais que a metade de mim.E ele me fez assim.
Mea culpa, que no papel de mulher moderna, abracei muito mais do que deveria.No ponto em que estou não posso voltar atrás e também não iria, faz parte da minha personalidade.
Isso sem contar que o cara metade, na semana que vem, vai se embrenhar pela selva outra vez. Ontem fechamos a mala de remédios que tem de anestésico local até soro antiofídico.E também roupas e calçados em bom estado para os ribeirinhas que ele encontra pelo caminho.Aquilo que para nós não tem muito uso, que fica encostado no armário, é recebido com muita alegria por eles.Afinal muitos moram a 400, 500 km, de barco, da cidade mais próxima.Não há estradas, no máximo uma pista de pouso perdida aqui ou alí no meio de uma floresta de proporções gigantescas.
Acredito que toda essa agitação acabe por influenciar os meus dotes culinários.
Cozinhar tem que ser algo leve assim:

20.8.14

Se de noite a gente alimenta os ouvidos de manhã é a vez da alma e do coração.
Aí durante o dia naquela hora em que a pessoa chega na sua frente, olha para sua cara e começa a reclamar do colega de trabalho, por uma futilidade qualquer, como na época do jardim de infância, quando uma coisinha pequena parecia uma tragédia gigantesca, você, depois de uns minutos, começa lentamente a se desligar e lembra do que leu logo cedo.

Tu És em Mim Profunda Primavera

O sabor da tua boca e a cor da tua pele,
pele, boca, fruta minha destes dias velozes,
diz-me, sempre estiveram contigo
por anos e viagens e por luas e sóis
e terra e pranto e chuva e alegria,
ou só agora, só agora
brotam das tuas raízes
como a água que à terra seca traz
germinações de mim desconhecidas
ou aos lábios do cântaro esquecido
na água chega o sabor da terra?

Não sei, não mo digas, tu não sabes.
Ninguém sabe estas coisas.
Mas, aproximando os meus sentidos todos
da luz da tua pele, desapareces,
fundes-te como o ácido aroma dum fruto
e o calor dum caminho,
o cheiro do milho debulhado,
a madressilva da tarde pura,
os nomes da terra poeirenta,
o infinito perfume da pátria:
magnólia e matagal,
sangue e farinha, galope de cavalos,
a lua poeirenta das aldeias,
o pão recém-nascido:
ai, tudo o que há na tua pele volta à minha boca,
volta ao meu coração, volta ao meu corpo,
e volto a ser contigo a terra que tu és:
tu és em mim profunda primavera:
volto a saber em ti como germino.

Pablo Neruda, in "Os Versos do Capitão"



É nesta hora da noite que relaxo.
O que mais gosto é colocar os fones de ouvido e escutar música.Prefiro aqueles fones enormes que cobrem toda a orelha.Assim é que desligo do mundo exterior.

   

E quanto mais agitado o dia mais lenta é a música:

Depois desligo tudo, vou dormir e aproveitar o que muitos chamam de o sono dos justos.
Se eu sonho? Pouco que me lembre.
Mas devo sonhar sim porque costumo acordar de excelente humor!

18.8.14

Já coloco o pé no chão mas não consegui dirigir.
Andando devagar tudo parece uma eternidade. Ainda bem que o processo criativo não precisa passar por longas caminhadas.Mas ajuda bem se eu tiver um óculos que me ajude a enxergar melhor, sexta feira ele estará pronto!
Tô parecendo criança com brinquedo novo, o bom da vida é curtir cada momento.
Nem tudo é um mar de rosas mas a navegação fica melhor quando somos capazes de sorrir para as pequenas coisas. E que bom que existe a música:

17.8.14

Ainda sobre o tempo:



Tempo, tempo, tempo, diga que você ainda é capaz de me surpreender.
Tantas vezes não quis lhe ver, nem mesmo pensar em você.
Mas os anos vão passando e sua presença se faz necessária...
Tem tantas pessoas que gostaria que estivessem aqui ao meu lado, e você se encarregou de afastá-las, para compartilhar as pequenas coisas do dia a dia como escolher a armação de um óculos, escutar um desabafo, trocar um afago, um beijo, um abraço.Alguém com os mesmos gostos que o meu para poder escutar uma poesia, assistir um filme, comer marzipans e dividir uma garrafa azul de vinho branco alemão ao som de Erik Satie.

Talvez envelhecer seja mesmo uma questão de espírito e da forma como a pessoa viveu até hoje.
Atribuem à Shakespeare a seguinte afirmação:
" Se você se sente só, é porque ergueu muros em vez de pontes".
Eu, particularmente, adoro pontes.Algumas vezes tenho medo, afinal algumas são extremamente frágeis, mas não deixo de atravessá-las.E mesmo nos lugares mais improváveis sempre é possível estabelecer uma ponte.


No filme abaixo a personagem principal cria pontes que logo em seguida destrói.Neste caso específico estar deste ou daquele lado da ponte não faria diferença, o sofrimento pela perda, pela ausência, seria o mesmo, porque é tudo uma questão de tempo.E ele é um acumulador de memórias!
Eu não conseguiria e a resposta está na letra da música:


E as pontes nem precisam ser visíveis:

16.8.14

O tempo friozinho e a casa cheia de uma molecada na faixa dos 16 aos 18 anos.
E eu no quarto com o pé prá cima porque torci o tornozelo ontem.Daqui escuto a bagunça que começou a algumas horas e não tem hora para terminar.Afinal uma parte deles deve dormir aqui.
Já me preocupei muito, anos atrás, como eles iriam dormir, mas hoje sei que dormem de qualquer jeito.E conosco foi assim também.Sempre estava bom desde que estivéssemos juntos.
Quem nunca dormiu meio empilhado, dividiu colchão no chão? Só quem não viveu esta fase.
Que menina nunca dividiu a cama de solteira com o namorado? Bem, pode ser que por causa do moralismo da época algumas não tenham feito isto.E tudo era bom, a cama podia ser pequena, o colchão duro, não precisava de travesseiro, um cobertor dava para dois e sobrava.
Aí vamos ficando velhos e o colchão incomoda, bendito seja o inventor da cama box, os pés gelados precisam de um cobertor só para eles e dois travesseiros são o mínimo necessário para uma boa noite de sono. Isso quando a gente dorme a noite toda.
Não posso reclamar porque costumo dormir feito uma pedra, mas depois de 6 a 7 horas de total inércia meu corpo já pede para levantar.
E falando em levantar espero que segunda feira o tornozelo esteja bom porque o cara metade viaja em breve e preciso dele funcionando!

15.8.14

Os efeitos de ter cortado o cabelo logo mais dão história para um livro inteiro.
Saí correndo do escritório para não perder o horário no oftalmologista e eu ainda tinha de descobrir aonde exatamente ficava a clínica numa avenida tão extensa.Encontrar o lugar foi fácil, difícil mesmo foi conseguir uma vaga.
Correndo para não chegar atrasada ainda torci o tornozelo saindo do carro. Mas como a gente tropeça mas não perde a compostura lá fui eu com dor e tudo.
Depois de meia hora na sala de espera fui chamada para a sala 02.
Entro, meio manquetola, encosto a porta e me deparo com um médico na casa dos 50 anos, e que nunca me viu mais magra, todo sorridente.Ele me olha e diz:
- Boa tarde, mocinha...em que posso ajudá-la? O que a trouxe aqui?
Me sentei bem de frente para ele e respondi:
- Não tão mocinha assim e eu acho que estou ficando meio cegueta.Já não consigo nem enxergar o buraco de uma agulha.
Ele olha a minha ficha, olha prá mim, novamente para ficha e pergunta:
- 47??? Ô louco, isto está certo?
- Certíssimo!
Conclusão: minha vista está excelente para uma pessoa com 47 anos, mas não tão boa assim para uma mocinha.
Precisarei mesmo de óculos para perto!


14.8.14

Fiquei chateada com o morte do Eduardo Campos.Era o único candidato que contava com minha simpatia e admiração, porque eu vi o que ele fez em Recife enquanto governador.Se ele fez pelo Estado todo eu não sei, mas fiquei impressionada com o que encontrei na capital de Pernambuco.Lá havia incentivo à cultura e à educação. Ele construiu três hospitais para a população, não ficou só na promessa. Como em toda capital brasileira havia problemas de segurança, mas nada comparado ao que vivo aqui na minha cidade diariamente.Uma pena...e vamos em frente que atrás vem gente!
O dia acordou geladinho e eu juro que o que eu queria hoje era ter uns 16 anos, matar aula, ficar assistindo uns filmes e namorando abraçadinha embaixo do edredon.Resolveria o frio do corpo e até da alma, tiraria aquele gelo que percorre o corpo da gente sempre que pessoas morrem assim de forma tão violenta e inesperada.Campos era jovem, cheio de vida e com muitos projetos em andamento.Além de cinco filhos.
Sei que morre gente todo dia mas tem umas que nos diminuem mais que outras.E neste processo de subtração pessoal estão Campos e Suassuna pertinhos um do outro, cada qual no seu quadrado.

12.8.14

Estou numa correria louca e sempre que sobra um tempinho tento vir aqui para escrever um pouco, tá difícil, mas não impossível.
Assim sendo, cá estou!
Tirando a parte estressante do corre corre tenho me divertido com as reações ao meu cabelo mais curto.
Já escutei que antes eu não parecia ter a idade que tenho e agora tô com cara de menina.Minha mãe disse que estou parecendo uma boneca.Meu ego anda rindo à toa.E o mais engraçado é que sinto que ando sendo mais paparicada.
Levei o envelope com a doação na agência dos Correios hoje na hora do almoço.A moça, simpática, me perguntou o que havia dentro e eu expliquei.Ela se emocionou e eu fiquei sem fala.Não sobrou espaço para nem uma outra palavra.Eu queria dizer alguma coisa, só não sabia por onde começar. A fila estava aumentando, paguei a taxa de envio e nos despedimos silenciosamente.
E falando em despedidas só agora percebi que gostava um bocado do trabalho do Robin Willians.
Aqui tem uma boa lista!
Embora esteja faltando um dos meus favoritos e olha que filme de guerra não é o meu forte.
Adoro a sua atuação neste aqui:

10.8.14

Mais do que ser uma pessoa íntegra meu pai me ensinou a ser uma pessoa boa.Ele sempre estendeu a mão ao próximo fosse ele quem fosse.Até mesmo aqueles que lhe morderam a mão.Pessoa dura, principalmente consigo mesmo, mas de uma gentileza incomparável.
Até casar-se com minha mãe era um tanto machista.Depois que caiu numa família de mulheres fortes teve de rever os seus conceitos.Me apoiou em todas as minhas decisões, até mesmo quando quis morar sozinha aos 17 anos.Foi lá no cartório e me emancipou. Me ensinou a andar de bicicleta, motocicleta, dirigir todo tipo de carro, atirar e até mesmo trocar pneu.Afinal, um dia você pode precisar!
Me deu livros, discos, máquina fotográfica e máquina de escrever muito antes das outras crianças.Me mimou até não poder mais.
Nunca criticou minhas escolhas e sempre valorizou tanto as minhas potencialidades que se emocionou mais no dia em que assistiu meu documentário sobre a Aids do que no dia em que me casei.
Apesar do gênio forte sempre foi pacifista e um excelente mediador de conflitos.
Se como pai fica difícil definí-lo com umas centenas de palavras, como avó torna-se impossível.
É um homem que com certeza sabe muito mais dar do que receber e eu me orgulho demais dele!

8.8.14

Finalmente meu cabelo chegou na medida para a doação para o Hospital do Câncer de Barretos.







Me sinto uma pessoa realizada, e extremamente grata, por poder doar material para confeccionar uma peruca para alguém que não pode contar, momentaneamente, com seus próprios cabelos.

Quem quiser doar também é só enviar os fios, com no mínimo 15 cm, para o seguinte endereço:

AVCC - Associação Voluntária de Combate ao Câncer
Avenida Paulo de Mattos Leandro, 1357
Bairro Dr. Paulo Prata
CEP 14784-379 - Barretos/SP
Telefone: (17) 3321-6600


4.8.14

Falta romantismo neste mundo...
é no dia a dia, no trânsito, nos conflitos, nas casas, nas escolas e até mesmo nos parques e jardins.

Levei meses para adquirir o livo "A Queda de Arthur" do Tolkien.
Eu não tinha certeza se teria paciência para ler o gigantesco poema.
Sim, o livro todo é em versos.Comecei há alguns dias e estou AMANDO!



A versão brasileira vem em inglês e português, o que achei excelente porque em alguns trechos fica a dúvida se o autor queria mesmo dizer aquilo.Buscando a versão em inglês na página em espelho penso que eu teria traduzido de outra forma esta ou aquela palavra, o que alteraria sim o sentido do que foi escrito.
É muito mais fácil ler Tolkien em português, mas em inglês explica muita coisa que fica confusa.
No final acabarei lendo as duas versões porque a curiosidade não me deixa seguir adiante sem antes dar uma passada de olhos no texto original.
Não sei se para alguém que não tenha tantas afinidades com a história de Arthur o livro seja tão interessante assim.Eu já li e assisti quase tudo o que faz menção ao tema.
A experiência com o texto do Tolkien têm sido divina, ao ler os versos visualizo automaticamente a cena em questão.E gosto do que vejo!


Imagem:  "Hero and Leander" -  Louis-Marie Baader (1866)

3.8.14

Escutando o disco Maré da Adriana Calcanhoto acabei de perceber uma música que havia passado despercebida: Três
A letra é do Antônio Cícero com a Marina Lima.
Atentem para o cello do Moreno Veloso.
Cai muito bem!



1 - Foi grande o meu amor.
2 - Se você quer amar não basta um só amor.
3 -  Eu quero tudo o que há, o mundo e o seu amor.

2.8.14

Porque estou exatamente aonde queria estar.
Porque não dependo de outros para ser feliz.
Simples assim!